quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP.II - A Família - UM MANETA


                        CAPÍTULO II   A FAMÍLIA


ASCENDÊNCIA


 O pai: João Fleury, chamado de Joanico. Nascido a 02 de junho de 1889 em casa Branca – SP. Falecido a 03 de novembro de 1970 em Santa Cruz do Rio Pardo – SP. Filho de Maria Lima de Pádua e José de Pádua Fleury.

  A mãe: Eliza Martins Fleury, também conhecida como Pequitita. Nascida a 14 de maio de 1898 e falecida a 14 de agosto de 1971 em Santa Cruz do Rio Pardo – SP. Filha de Maria Rosa Borges Martins (Cotinha) e Joaquim Egydio Martins.

     O casamento: 04 de maio de 1916.


OS IRMÃOS


Aqui teremos a relação dos irmãos

  • Jair  -  o primogênito –. 27 de janeiro de 1917.
  • Elza – a segunda  -        19 de novembro de 1918.
  • Vasni – a terceira –        19 de abril de 1920.
  • Ondina – a quarta –       03 de novembro de 1922.
  • Cássia – a quinta –         ....de novembro de 1924.
  • Ittai – o sexto –              12 de março de 1926.
  • Júlio – o sétimo –          18 de junho de 1928.

Certa vez, a mamãe me disse que a mãe Liza sofrera um aborto após o nascimento do tio Julinho. A Cassinha faleceu aos nove meses de idade.

OS PAIS


Meus avós, o vovô Joanico e a Mãe-Liza, eram pessoas maravilhosas. Como eles eram queridos! Nós os seus netos, amávamos-lhes muito. O vovô era um exemplo de honestidade e a Mãe-Liza, um carinho de pessoa, mas muito enérgica. Eles não eram de ficar nos carinhando, mas sentíamos como eles nos amavam e se preocupavam por nós. Como eles nos fizeram falta!...
Bom, vamos a eles.

O VOVÔ JOANICO

Aos 18 anos de idade, ele era um rapaz como todos os outros rapazes de sua idade, e os seus amigos. Divirtía-se igual a todos e gostava de soltar bombinhas, e nas festas juninas divertia-se em estourar latas. Todos nós conhecemos essa brincadeira: coloca-se uma bombinha sob uma lata pequena e quando elas estouram atiram alto e longe, a lata. As vezes tais bombinhas falhavam e frustra a brincadeira. O jovem Joanico brincava com seus amigos e aconteceu de falhar a bomba que ele acendera sob a lata. Então ele foi tentar restabelecer a brincadeira como das outras vezes. Com a mão direita segurou a latinha e com a esquerda levantou a bombinha supostamente apagada e... BUM! ... Estourou dentro de sua mão, esfacelando-a... Aí, diante dessa catástrofe logo pensamos que um médico daria um jeito, salvando e restituindo a mão acidentada... mas, não foi assim. Se em nossos dias ainda acontece de não conseguir salvar membros acidentados, embora a ciência médica tenha evoluído, imaginemos naqueles idos anos do início do século XX. O jovem Joanico perdeu a sua mão esquerda. Sua vida, então, não foi nada fácil. Deficiente físico, não tinha vez. Trabalho era impossível, contudo, nada disso era barreira para ele. Inteligente, e com honestidade, conquistou muitos amigos. Também ajudou a fundar o jornal de Santa Cruz do Rio Pardo, denominado “O Trabuco”, para o qual escrevia artigos.
Hoje em dia “O Debate”, jornal semanário substituiu “O Trabuco”.


A MÃE-LIZA


Nascida em Santa Cruz do Rio Pardo - SP, foi criada na Igreja Presbiteriana Independente de Santa Cruz, como toda a família pois já era filha de família evangélica ou como queiram algumas pessoas chamar de “crentes” ou ainda com éramos chamados   no   passado   de “protestante”. O seu avô fez parte do grupo de homens que fundara aquela Igreja e nela criou as suas 5 filhas que ainda depois de casadas não se afastaram da fé. A minha bisavó, era uma delas, foi mãe de 18 filhos, criou 12 e todos na Igreja. E eu tive o privilégio de acompanhá-la aos cultos e como eu me sentia orgulhosa de minha querida vovozinha, como me sentia orgulhosa de estar ao lado dela na Igreja, ou ao lado da Mãe-Liza ou das suas irmãs (a tia Alta, tia Nana, tia Sinhá, tia Amazilia, etc), agora ainda alguns descendentes lá estão. Como eu sentia tão feliz quando, nas férias, íamos para Santa Cruz e à I.P.I. e  ao adentrar o Templo podia observar em vários pontos da Nave, a família: logo ali na lateral uma tia-avó, mais na frente a outra tia-avó acompanhada por uma de suas filhas, (tia-avó é a irmã do avô ou da avó, no caso eram as irmãs da minha avó),  mais lá na frente à esquerda outra tia-avó, a tia Amazília, do outro lado lá estava a tia Sinhá em todo o seu porte bem aparente com seus cabelos branco-azulados e cheios de rolinhos, sempre bem penteados e eu com muita satisfação acompanhando a mamãe, ou a Mãe-Liza... Bons tempos que não voltam mais...! Hoje em dia, a maioria mudou-se para outras cidades, alguns permanecem firmes no Evangelho sendo fiéis em outras Igrejas especialmente Presbiterianas Independentes, Os mais velhos e até alguns primos de minha mãe, já morreram, nós que éramos crianças, já estamos passando dos 50 ou  60 anos. Eu já sou a 4ª geração. Imaginem amigos quantos anos estão embutidos nestas linhas! Neste braço da família só eu restei. Por quanto tempo mais? Não sei. Só Deus sabe. Talvez quando o amigo ler esta história eu já esteja na Glória do Pai juntamente com todos os meus amados. Sim só eu fiquei – meu tataravô, minha bisavó, minha avó, minha mãezinha, todos nos céus! ...

CORAÇÃO ARDENTE

    As vezes pensamos que as pessoas são diferentes ao passar os tempos... porém podemos ver que estamos enganados, não há diferença. As mesmas reações, os mesmos sentimentos os mesmos anseios, a mesma insistência e um coraçãozinho ardente, igualzinho ao de hoje!
     A jovem Eliza Martins, que não era diferente, apaixonou-se por um jovem bonito, esperto, inteligente e com ele planejou toda sua vida. Como foi o encontro entre eles? Eu não tenho conhecimento, só sei que o amor que nasceu foi assim ... qualquer coisa como eterno... Existe amor eterno? Você que lê estas minhas palavras pode me explicar?
Se olharmos a nossa volta vamos encontrar em 10 casais de jovenzinhos, 9 juram amor eterno, um ao outro e logo após qualquer problema ou basta que passe alguém mais atraente, o “amor eterno” jurado com tanta veemência, acaba repentinamente e lá vem outro juramento de amar eternamente. Que eternidade pequena! Quantas vezes isto irá acontecer? A palavra dada, hoje em dia, não tem nenhum valor, são apenas palavras que parecem ser promessas jogadas, ou atiradas ao vento; não tem mais o mesmo peso. Amor gritado ao vento não passa de balelas. No entanto é bom lembrar que a Palavra de Deus diz que “O amor jamais acaba... Agora pois permanecem a fé a esperança e o amor, estes três porém o maior destes é o amor”(1 Coríntios 13). Será que Deus se agrada do modo em que se vive hoje em dia? Lembremos que, de tudo devemos prestar contas a Deus e como disse o Senhor Jesus: “E o que tens preparado para quem será?” É bom dizer aqui que o “Amor eterno” jurado pelos meus avós, realmente foi eterno! 
O casamento durou 54 anos!


UM MANETA


O vovô Joanico, como homem de bem, viu aquela moreninha, a qual lhe pareceu  como uma bonequinha, encheu seu coração de ternura por ela e também começou amá-la de todo coração, com toda as suas forças. Gostaria de lembrá-los que ele sofreu um triste acidente aos 18 anos, no qual perdeu a sua mão esquerda quando foi brincar com uma bombinha, cuja estourou dentro de sua mão, esfacelando-a.
Para a jovem Eliza, apaixonada, este fato não era barreira para o seu amor. O que importava era o quanto eles se amavam e ela desejava ardentemente viver ao lado de seu amor até o final de suas vidas e além... Que coisa linda!
Em comum acordo, os dois pombinhos resolveram falar aos pais da jovem Eliza. O jovem Joanico todo cheio de esperanças, revestiu-se de coragem e foi pedir a mão de sua amada, aos pais dela. A resposta foi... Você acha que ele concedeu a mão de sua filha? Então a resposta foi... bem a resposta... Quem era, afinal, esse seu pretenso futuro genro?
O pai da jovem Eliza não gostou da idéia, não porque achasse algum mal nos traços do jovem e aparente rapaz, ou que houvesse alguma falha no caráter dele, ou ainda que achasse que a sua filha, com 17 anos, fosse muito jovem, ou ... sei lá o que, mas um maneta?!!! Não. Decididamente, não! Então como convencer que se amavam e que a falta da mão esquerda, não era barreira para eles? Sua linda filha não haveria de se casar com um maneta. Estava decidido. 
Que preconceito!
E agora? Que fazer? Eles deveriam renunciar ao seu amor para apoiar tal preconceito? Não! Então como convencer que se amavam e que a falta da mão esquerda, não era barreira para eles? Então, resolveram da maneira mais convincente: fugir. Como pensaram, assim fizeram. Os dois fugiram contrariando, desta forma, a vontade do vovô Joaquim. Não podendo mais impedir, pois não havia saída, a não ser realizar, logo, o casamento. Assim sendo, no dia 04 de maio de 1916, dez dias antes de ela completar 18 anos, eles se casaram e viveram felizes para sempre. Depois de 54 anos de vida conjugal, uma vida de felicidade, respeito e compreensão, o vovô faleceu a 03 de novembro de 1970 e ela não suportando a separação, 09 meses e 11 dias depois, no dia 14 de agosto de 1971 ela partiu para o céu, obedecendo ao chamado de Jesus, após ter sucumbido de saudades. Sim ela foi para o céu, ao lado de seu amado, junto novamente e para sempre, agora diante do Pai Eterno. Que falta nos fizeram! E que falta ainda nos fazem! Não é raro ouvir um ou outro neto falar neles, com carinho e amor. Eram enérgicos, porém cheios de amor.
 Maneta sim! Porém honrado. Logicamente que a sua mão esquerda lhe fez muita falta, mas não cooperou para que ele se degradasse, seguindo caminhos tortuosos, sendas sombrias e escusas, ao contrário, foi para ele um desafio, ao qual venceu com dignidade. Ajudado pelos filhos, fazia brinquedos delicados, de madeira, tarrafeava como ninguém... e pescava de dar inveja aos outros. Passou para os filhos, valores que são verdadeiras jóias preciosas, educação, dignidade, honradez,... Eles eram incríveis!
É bom destacar aqui que o vovô Joanico, com paciência, soube conquistar toda a família Martins. Era querido tanto pelos seus sogros, como pelos cunhados e cunhadas. Também era muito amado pelos sobrinhos... E que sobrinhos!
Gostaria de marcar aqui que no dia 04 de maio de 1966, fizemos uma grande festa para eles, eram as “Bodas de Ouro”. Com toda família reunida, filhos e netos a alegria do casal era muito grande e o vovô dizia: “Se Deus permitir, queremos fazer as “Bodas de Diamante”... (75 anos)e diante dos lindos presentes que receberam, o vovô se referiu:
Agora ganhamos muitos presentes, quando nos casamos ganhamos apenas uma garrafa de vinho!
Sim, apenas uma garrafa de vinho, mas a benção do Pai Celeste, se derramou sobre eles copiosamente. Desejava viver muito mais, a ponto de alcançar os 75 anos de casados, mas só Deus conhece o nosso futuro. Diz a Palavra de Deus: “Muitos propósitos há no coração do homem, porém, o desígnio do Senhor permanecerá”. (Provérbios 19:21)


2 comentários:

  1. Você é da família Maneta que tem um terreno em Mauá ?
    Linda história!

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    1. Marcos Vasselucci, o "maneta" que eu mencionei é porque o vovô Joanico não tinha a mão esquerda.
      Quanto a FAMÍLIA MANETA, não conheço. Não somos dessa família, desculpe.

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