terça-feira, 22 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP.VIII – LUTANDO PARA VIVER - ANDA MENINA!

       CULTOS CASEIROS


Em Santa Cruz do Rio Pardo passamos a frenquentar a Igreja Presbiteriana Independente, igreja esta que era a igreja berço de minha mãe, e eu participava ativamente da Escola Dominical e outros cultos, e a mamãe tornou-se professora da Escola dominical. 
Uma das atividades que a mamãe fazia com os adolescentes e pré-adolescentes, eram cultos caseiros, aonde eles dirigiam e também transmitiam a Palavra de Deus, com responsabilidade e seriedade.  Eu ainda lembro desses cultos caseiros, como um filme antigo e creio que se algum desses jovenzinhos ler estas minhas lembranças, haverá de se lembrar também.
Na IPI de Santa Cruz do Rio Pardo ainda podemos encontrar a nossa amiga Marina , da família Araújo, hoje senhora Marina Oliari que se recorda com saudades desse tempo, e testemunha com simpatia, e outros antigos irmãos, hoje já bem idosos, que eram daquele tempo.

               ESCOLA DOMINICAL


Agora passei a contar as minhas recordações, porém, os senhores poderão notar nas entre linhas, que todas essas  recordações trazem uma  base bem sólida; os ensinamentos de minha querida mãezinha. Foi ela quem me ensinou a amar a Casa de Deus. Foi ela quem me ensinou a amar, acima de tudo, e em primeiro lugar, ao Senhor Jesus.  Foi quem me ensinou a me comportar na Igreja e prestar atenção nas pregações do Pastor a quem chamávamos carinhosamente de ‘Reverendo’.  Ela me levou ao Senhor Jesus. E hoje eu devo a ela, abaixo de Deus, tudo que sei e sou.
Lembro-me da classe dos ‘Cordeirinhos de Jesus’.  Chegávamos a Igreja logo cedo para a Escola Dominical que começava às 9 horas e com as revistinhas de Estudo Bíblico, dirigíamos ao pavilhão de baixo, para as nossas classes.  Lá aprendíamos a cantar os corinhos e as lições bíblicas.  Lembro-me até hoje de um corinho que aprendi nessa classe:

"A graça de Jesus,
Jamais me faltará   ( 3 x )
Eu canto noite e dia, dia e noite sem parar
Com muita alegria, sem nunca me cansar.
A graça de Jesus,
Jamais me faltará, ( 2 x ) No coração.”   
            
Já lá se vão mais de 50 anos.....!  Não só este corinho mas também outros que ainda se cantam por todo o meio Evangélico.  E quando tocava o sininho, terminávamos a classe com uma oração e subíamos em fila indiana para entrarmos no Templo para a conclusão da Escola Dominical.  Lembro-me que ficávamos todos comportados ao lado da porta lateral do Templo esperando o momento de adentrarmos e ocupar os nossos lugares.  Cada classe tinha o seu ligar determinado sendo que os Cordeirinhos ficavam logo nos primeiros bancos, pois era a classe de menor idade. Na chamada das classes, todos tínhamos um versículo na ponta da língua para recitarmos.  O mais gostoso era a classe receber,  ao seu lado, o lindo estandarte, porque fora a classe com maior porcentagem de presença.  Também era contados o número de Bíblias, hinários, visitas, e ofertas.  O estandarte era o estilo de uma flâmula amarelo-ouro e com o emblema da Escola Dominical, que era trazida num mastro próprio.
Como era lindo....

INSISTÊNCIA VENCEDORA

O vovô nessa época ficou muito doente.  Apareceu-lhe em sua coluna dorsal, um tumor que o fez prostrar-se sobre a cama. Suas dores eram muito fortes a ponto de não suportar, nem as dobras dos lençóis em sua cama.  Ainda assim ele era muito carinhoso para comigo e eu o queria bem demais.  Uma das coisas que eu mais gostava era fazer companhia ao meu avô e conversar com ele. Dizia-lhe:
─ Vovô, Jesus está bem pertinho do senhor aqui. Com os olhos abertos, o senhor não O vê, mas se o senhor fechar os seus olhos, o senhor poderá ver Jesus.
E assim eu vivia a conversar com ele.  Depois ele foi para São Paulo – Capital, e no Hospital das Clinicas fez a cirurgia que sanou o problema, voltando para casa em convalescença feliz, graças a Deus. 
Não muito tempo depois, eu não estava satisfeita em apenas receber a oferta para a Escola Dominical que ele sempre me dava a cada domingo.  Eu queria mais, muito mais ... eu queria que o vovô fosse comigo a Igreja, mas já faziam aproximadamente 30 anos que ele se afastara e nunca mais fora assistir a um culto sequer.  Resolvida a levá-lo para a Igreja, comecei a trabalhar: a cada domingo convidava-o e a cada convite meu, ele tinha uma desculpa para dar.
 Vovô, vamos comigo a Igreja, hoje?
Ah! Hoje não dá...estou muito cansado.  Respondia ele, ao que eu insistia:
Vamos vovô, o senhor vai gostar! Vamos...?
Não, hoje não dá, outro dia...   respondia, esquivando-se da minha insistência.
Assim foi por vários domingos, até que ele começou a prometer que iría comigo no domingo seguinte.  Quando chegava o domingo, eu cobrava a promessa até que um dia eu venci.  Consegui levar o meu avô de volta para a Igreja.   É bem verdade que ele não ia freqüentemente, mas voltou a entrar na Igreja.  
Louvo o Senhor por tal vitória!

       SITIO BARRA MANSA

A Tia Ondina, irmã de minha mãe, lecionava no sitio Barra Mansa e eu comecei a ser a sua companheira.  Todos os dias íamos de charrete para o sitio.  A escolinha era composta de uma sala apenas, que comportava alunos do 1º ao 3º ano primário.  A Tia dividia o tempo de aula entre as três series. Lembro-me que ela chamava ao quadro negro, o 1º ano para ler com ela o abecedário e eu no meu lugar, acompanhava tudo e logo aprendi a ler sem que ela percebesse. Eu estava com 6 anos.   Quando a tia percebeu que eu já sabia ler igual aos seus alunos, matriculou-me, faltando apenas 2 meses para terminar o ano letivo e eu passei para o 2º ano.
  
ANDA MENINA!

A minha família é composta, na sua maioria, por  professôres, mas eram muito bravos.  A tia Ondina não era exceção. Lembro-me que no canto da sala de aula, ela mantinha um maço de varas de marmelo, só que eu nunca a vi usar.  O que ela usava era uma régua de madeira de 100 cm, com a qual dava as suas aulas  e se algum aluno não obedecesse, a régua esquentava o lombo.
Certo dia estávamos em aula quando um menino do 2º ano começou a bagunçar em classe.  A tia Ondina virou para ele, de régua em punho, pronta para lhe bater, quando ele apelou:
 Não dona Ondina, não fui eu. Foi a Ilaíde...  Podem imaginar o que aconteceu?  Isso mesmo.  A régua quebrou em minha cabeça, sem eu dever ...
Quando já estava idosa e aposentada ela negava veementemente que agia desta forma e se alguém falasse que sofreu este tipo de castigo nas mão dela sofreria o seu desprezo e até ódio. Ela podia dizer qualquer coisa ao contrario, nós que sofremos os ditos castigos é que sabemos!
Outro fato que não esqueço e até me lembro muito bem, até me divirto, pois não guardo uma sombra de  ressentimento, foi quando voltávamos do sitio.  Descíamos a rua do Bairro de São José em santa Cruz do Rio Pardo, em direção ao centro da cidade, à casa dos meus avós, onde eu morava com minha mãe.  No meio de nossa conversa, de repente, a tia resolveu me perguntar como se falava determinadas palavras:
 É travesseiro ou trabesseiro? Perguntava.  E eu demorava em responder, pois não queria falar errado.  E o medo do resultado se eu falasse errado?  Aonde eu ficaria? Ficava pensando...pensando...de repente a tia achando que eu demorava demais, gritava, levantando o cabo do chicote, ameaçadoramente em minha direção, como quem iría bater com ele em mim.  Lembre-se que eu escrevi anteriormente, que nós íamos de charrete para o sitio.
 Anda menina. É travesseiro ou trabesseiro?
 Morrendo de medo de falar errado e de levar uma pancada na cabeça com o cabo do chicote ameaçador, eu respondia tremendo:
─ É...é ..é...
         -Anda menina... gritava ameaçadoramente a tia ...
─ éééé TRAVESSEIRO...eu respondia ligeiro
─ Ah bom. ... completava a tia Ondina, para logo em seguida me colocar em apuros novamente, com nova pergunta:
─ É  vassoura ou  bassoura?
E agora...qual era o certo?   Na minha cabecinha de 6 anos, os pensamentos ficavam sem direção.  Sem saber para que lado deveria ir, eu demorava para responder e então vinha o grito ameaçador da tia com o cabo do chicote levantado em minha direção caso eu errasse:
─ Anda menina.....
─ ééééééé´....VASSOURA, respondia eu com o coração aos saltos....
─ Ah bom.  Novamente retrucava a tia, eu  (ufa!!!!!) respirava aliviada.   As nossas viagens não se resumiam a ameaças e medo.  Elas eram bem gostosas e divertidas, e como nos divertíamos!!!
    A tia reagia desta forma porque era seu jeito e naqueles idos anos da década de 50, os professores tinham poder de educar.  É verdade que havia muito exagero, mas eram ótimos educadores. Se hoje temos grandes personalidades, porque havia boa educação, tanto em casa como nas Escolas.  Hoje em dia ser professor é ser herói! Além de ter que enfrentar a falta de respeito em classe, ainda tornam-se vítimas da situação.
O medo impera nos dias de hoje.  Temos medo até da própria sombra. , contudo “O perfeito amor lança fora o medo.” (1João 4:18) Quem tem Jesus como seu Senhor  não precisa ter medo.  Quem anda nos caminhos de Deus não teme, ainda que seu corpo venha perecer, vítima da situação, a sua alma irá morar no céu com Jesus. Ou será que precisa sofrer ameaças para andar correto? Só Jesus é Senhor, não há outro.
Há pessoas que sabem que devem obedecer ao Senhor, que o caminho em que estão, é errado, que seguindo por ele, irão perecer e perder a sua alma, mas ainda continuam andando por sendas tortuosas, continuam andando errado.   É igual aos fumantes e viciados diversos, que sabem que se continuam a praticar tal vicio, poderão perder a vida de maneiras tão drásticas e terríveis, mas continuam no seu vicio.   O que poderíamos dizer de tal coisa?  Cada pessoa prestará contas de si mesmo a Deus, se perder a sua vida por causa dos vícios, enfrentará o juízo de Deus.  Porém ainda ha tempo de reverter situação.  Busque o perdão de Deus com sinceridade, com coração sincero e arrependido.   Tome firme decisão de não praticar mais o errado e mude de vida. O Senhor Jesus  deu a Sua vida  para que você  tenha a vida.  Você crê?  Se crê, tome hoje a sua decisão.  Não perca a sua alma .  Lembre-se que Deus te ama  tanto que “deu Seu filho unigênito para que todo o que Nele crê não pereça mas tenha a vida Eterna.” (João 3:16) “Quem Nele crê não é julgado, o que não crê já está julgado, porquanto não crê  no nome do Unigênito Filho de Deus.”(João 3:18)
O Senhor, hoje, tem para você uma benção sem igual !
Lance fora todo o vício, seja o que for: lance fora. Deixe Jesus ocupar teu coração e te abençoar.  Experimente esta nova vida mas seja sincero e decidido pois o Senhor conhece os pensamentos mais escondidos e sonda os corações. O Senhor “Revela o profundo e o escondido, conhece o que está em trevas e com Ele mora a luz.” ( Daniel 2:22 )
Busque o Senhor agora com toda sinceridade e humildade.

Deus ama você!!!

terça-feira, 15 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP.VIII – LUTANDO PARA VIVER - DEUS RESPONDE

PAPAI DO CÉU...!

Desde que eu era bebê, a mamãe me ensinou a amar ao Senhor Jesus e a orar ao ‘Papai do Céu’. Agora ela estava acamada doente e sem recursos para buscar um médico, com a saudade a corroer o seu coração, ela me pediu:
-Tide, peça ao Papai do Céu curar a mamãe, senão a mamãe morre e como é que tu vais fazer sem o papai e sem a mamãe...?
Eu estava apenas com 4 anos e meio, e o pouco que eu sabia, era o suficiente para eu crer no Papai do Céu. Então ajoelhei-me e orei, na minha linguagem de apenas 4 anos e meio:
-“Papai do Céu, não tire a mamãe daqui, não tire a mamãe daqui......” e continuava a orar dizendo: “Abençoa a Mãe-Liza, abençoa a vó Francisca, abençoa...., abençoa...,...”e assim continuava a minha oração pedindo ao Papai do Céu abençoar a todos que eu amava e conseguia me lembrar, e terminava dizendo: “Papai do Céu, não tire a mamãe daqui, não tire a mamãe daqui. Amém!”

DEUS RESPONDE

Será que o amigo ou amiga, que ora lê esta história, já teve a oportunidade de ouvir a voz de Deus?  Estou falando de ouvir fisicamente, voz audível, não um sentimento apenas.  Pare um pouco, fique em silencio e tente ouvir os sons a sua volta, sons diferentes e até marcantes.  Talvez o gorjear dos pássaros nas árvores, ou som do vento, ou da chuva que cai mansamente sobre o telhado, ou ainda a buzina de um carro que passa em velocidade, etc... Podemos muito bem definir os variados sons que ouvimos, de longe podemos divisar na harmonia de diferentes  sons, alguma melodia conhecida que nos traz recordações... mas não há igual a voz de Deus, tão bela, mais bela, que não tenho como compará-la...
Quando fiz a minha simples oração pela terceira vez, pedindo ao Papai do Céu que não tirasse a minha mãezinha daqui... Ele falou comigo!
Alguém pode até pensar: “Tinha alguém no quarto com elas e que falou....”  Se pensa assim está errado, erradíssimo!  No quarto estávamos só nós duas, mamãe e eu. A nossa casa, a meia-água, era constituída por um só cômodo e a porta estava fechada. Ali, eu de joelhos e a mamãe estava acamada. Com os meus olhos fechados, eu sabia que Deus, o Papai do Céu estava me ouvindo!  Então Deus falou comigo:
─“Filhinha, não tenha medo. Eu não vou tirar a tua mamãe daqui. Ela vai viver mais 100 anos.”
Eu ouvi Sua voz, sussurrando no meu ouvido estas palavras.  Não foi um sentimento no meu intimo, ou impressão, foi uma voz audível e tão amorosa que até hoje eu não ouvi outra semelhante. Que maravilhosa voz!  Ele veio até minha altura, ali de joelhos, onde eu me encontrava.  Baixou-se para me sussurrar ao meu ouvido direito, tão bela voz e tão reconfortante promessa.  Agora eu sabia que não iría ficar sozinha na vida e que a minha querida e adorável mãezinha ía ser curada. “Ora a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem.(Hebreus 11:1) “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que O buscam.(Hebreus 11:6) 

SEGREDO GUARDADO

Nada contei para a minha mãe. O que o Deus me falara tornara-se um segredo, pois, eu sabia que a mamãe não havia escutado.    O Papai do Céu falou baixinho e perto do meu ouvido, então era segredo !!! Era só para eu ouvir ! Contudo a mamãe continuava bem doente, sem apresentar melhoras, porém eu não me preocupava mais, eu sabia que ela iría sarar. Afinal, não havia o Papai do Céu me prometido ? Mas a mamãe continuava doente e a me pedir que orasse por ela:
-Tide, peça ao Papai do Céu curara a mamãe, se não a mamãe morre e como é que tu vais fazer  sem o papai, sem a mamãe?   Dizia ela ao que eu respondia:
-Não precisa! Não precisa!
Podia orar por qualquer outro tema, menos orar para que o Papai do Céu lhe desse vida.  Realmente não havia necessidade, pois eu sabia que Deus iría curá-la.
Passaram-se mais ou menos dois meses, agora ela já estava bem melhor, então fomos visitar uma exposição que estava sendo realizada, sobre relógios cuco “Suely” (um reloginho, em bronze, de parede imitando uma casinha com dois pendentes e um pendulo),  e na volta para casa, mais uma vez, a mamãe segurando firme a minha mão, me fazia pular as poças de água formadas pela chuva que caíra anteriormente. E nessa brincadeira, conversávamos alegremente quando passei a contar para mamãe, um sonho que tive com ela e o papai.  O qual me lembro até hoje, e já se passaram mais de 50 anos !!!
Agora era a hora de revelar o meu segredo !
Assim, depois de relatar o meu sonho,  contei para ela o porquê de não querer orar mais pela sua cura a cada vez que me implorava para tal.  Expliquei a ela a razão de lhe dizer sempre que não precisava sendo que ela ainda se sentia bem doente.
Deus que sempre cumpre as Suas promessas foi fiel a promessa que me fez naquele dia.  Ele não tirou a mamãe daqui, ela viveu bastante depois disso....
  
CEM ANOS !!!

As vezes vejo-me pensando nessas palavras  que o Senhor me dissera aquele dia: “Ela vai viver mais 100 anos”.
Por muito tempo eu pensei que este número dito pelo Senhor, representavam 100 anos nossos ( 1, 2, 3, 4, 5,... 50,...60,...,...90,...100). Porém o nosso Deus não está preso a nossa limitação. Ele nos fala muitas vezes em linguagem figurada.  Naquele dia ao me dizer 100 anos, deu-me tranqüilidade e eu sabia que ela haveria de viver por muito tempo. Para uma criança de 4 anos e meio, este número era muito grande e representou muito longe.  Notou prezado (a) amigo (a), a repetição contínua da palavra ‘muito’? Pois ela está repetida porque era o que eu senti; muito, muito ,muito longe.... e  deu-me a tranqüilidade que eu necessitava naquele momento, e deu-me sossego de alma.
Certa vez a mamãe começou a indagar em seu coração o que queria dizer: 100 anos. Para a Mãe-Liza, a minha avó, a Voz que ela ouvira antes de retornar a vida, dissera-lhe que ela viveria mais 10 anos e nesse tempo já haviam passado os 10 anos e muito mais.
Sabemos que para Deus, 1000 anos são como um dia (2 Pedro 3:8). Na Bíblia, as profecias trazem números simbólicos, lembrando disto, a mamãe meditava curiosa com estes anos referidos.
“Mas por que o Senhor disse para minha mãe que ela viveria 10 anos e para Tide Ele disse que eu viveria mais 100 anos? O que o Senhor quis dizer?”   Meditava a mamãe até que um dia ela sentiu a revelação de Deus.
Andando na rua ela entendeu que 10, 100,  são números infinitos, basta colocar  zeros a direita  1000 000 000 000  e assim por diante.  Deus é infinito e tudo que Ele faz é perfeito. Quanto tempo corresponderia estes enunciados anos, não era para nosso conhecimento.  O que importava era viver infinitamente na presença de Deus.  Não nos compete conhecer tempos ou épocas. Temos que esperar no Senhor  para sempre. Viver continuamente na presença do Pai.
Muitas pessoas tem se preocupado com itens que não são o mais importante e esquecem de olhar para Jesus e se deter na salvação de sua alma.  Há quem procure nas paginas bíblicas, motivos para discussão, divisões, e interpretações a seu bel-prazer. E se esquecem até da Obra de Deus que é mais importante que qualquer diferença entre os homens, esquecem-se que o alvo da Palavra de Deus é mostrar o caminho para salvação que é Jesus. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”(João 14:6).   E tenho visto usarem a Bíblia até como base de feitiçarias e simpatias, práticas estas abominadas pelo Senhor. Usam a Bíblia para sua própria condenação pois está escrito: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são:  prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas pratica.”(Gálatas 5:19 a 21).  
 O alvo da Palavra de Deus é VOCÊ... !!!   Deus te ama! Jesus deu a Sua vida por você, para que fosse salvo e os teus pecados fossem perdoados e anulados para sempre. Deixe de se preocupar com estatísticas tolas, com história de carochinhas, com interpretações dessa ou daquela pessoa ou religião.  Olhe só para Jesus.  “Importa-vos nascer de novo...” (João 3:7b), deixe o velho homem revista-se do novo homem que é espiritual, e o Senhor será Senhor, e você como um vencedor, herdará o Reino dos Céus. Não importa quantos anos você irá viver ainda, ou quantos anos você viveu. Importa que o tempo oportuno é hoje, agora.  Deixe Jesus entrar no teu coração e te perdoar, e te dar a Vida Eterna. 
Toma posse do que Deus te dá.
  
   O VOVO CHAMOU

 Em Santa Cruz, os meus avós ficaram sabendo que a mamãe estava doente e então nos chamaram para ir embora.  Assim sendo, mais uma vez mudamos de casa, agora eu vou viver ao lado dos meus queridos avós, vovô Joanico e Mãe-liza, por 2 anos.   Santa Cruz do Rio Pardo marcou mais uma vez a nossa vida.  Eu que estava com 5 anos de idade, participava todos os domingos da Escola Dominical na Igreja Presbiteriana Independente e dos cultos dos adultos junto com a mamãe e os nossos familiares.
A mamãe ficou responsável pelos jovenzinhos, os que são chamados hoje pré-adolescentes e de adolescentes.  Fazia um trabalho bonito com eles dos quais, ainda hoje, tem vários firmes na Igreja, não só em Santa Cruz, como também em outras cidades para onde as suas famílias foram morar.


domingo, 13 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP.VII – A FAMÍLIA LANGE

                       
A FAMÍLIA LANGE


O meu avô paterno, o vovô João,  veio de uma região da Alemanha que era controlada pela Rússia.   Dizíamos que ele era russo-alemão.  A família dele se estabeleceu na região de  Ivaí – PR.  O jovem  João Lange logo se interessou por uma jovem brasileira, cheia de graça, moreninha, e ela parecia corresponder aos seus sentimentos.  Como se deu a história, eu não sei dizer, pois sei muito pouco desta parte da família.  Só sei que se casaram e tiveram 5 filhos dos quais apenas 1 não se criou.  Ela se chamava Alcina Cordeiro e os filhos são:  Leony Lange  ( hoje Camargo), Olaide Lange (o meu pai), Olimpio Lange,  Tereza Lange  (por casamento Pereira), e o pequeno João que falecera bem pequeno.

                                 O PAPAI


Nascido a 10 de março de 1926 (?) em Ivaí – PR. Era profissional do volante.  Seu trabalho o levava a muitos lugares diferentes.  Tornou-se caminhoneiro, muito cedo. Por vezes trocava o volante do caminhão por um carro menor, que chamávamos de automóvel, assim tornou-se taxista e seu ponto ficava na Praça Barão do Rio Branco, junto ao Ponto Azul, em Ponta Grossa – PR.  Enquanto aguardava os seus passageiros aparecerem, reunia-se com os seus colegas no café do Ponto Azul.  De boa aparência e com um jeito conquistador era fácil logo se apaixonar por ele.   Com jeito de alemão e estilo russo, ele conquistava os corações.  Havia se comprometido com uma jovem  com quem vivera por alguns anos e tiveram dois filhos: Luiz Carlos Lange (foto) e Romilda Lange.  Desentenderam-se e ele saiu de casa.  Nesse período seguinte é que a mamãe foi trabalhar no Café Ponto Azul e então se conheceram.  Ele julgava que aquela garçonete que lhe servia com tanta graça, fosse igual a tantas outras que ele conhecera durante a sua vida até o momento.  Mostrando interesse, por ela foi correspondido.  Começaram então a namorar.  Foram até as últimas conseqüências.  Ela sozinha em uma cidade estranha, agora tinha com quem dividir a sua solidão e tristezas.  Ela amava-o com todas as forças de seu coração e ele tomava conta de seus pensamentos e que alegria era estar com ele...!  Sem que alguém pudesse suspeitar, uma nova vida se formava, e a mamãe traria para o resto de sua vida, o fruto desse grande amor.

PEDIDO RECUSADO

Logo que o meu pai soube que eu estava a caminho, passado o primeiro momento em que a sua idéia era o aborto, e, como dizemos hoje, ‘esfriando a cabeça’, ele tomou uma decisão importante.  Para isto ele levou um tempo conhecendo melhor  a minha mãe: seu caráter, sua educação, sua personalidade, etc... Reconhecido o seu erro, desejou reparar. Havia porém um ponto marcante: ele tinha mulher e dois filhos, contudo não era casado com ela e quando ele conheceu a minha mãe, eles estavam separados por desentendimento muito sério, entre eles.  Não cabe a mim  recriminar quem quer que seja.  Logo depois ele voltou com a companheira e ela ficou grávida a espera de seu 3º bebê, que veio nascer a 8 de março de 1950, portanto 3 meses e 12 dias depois do meu nascimento, e era uma menina, que ganhou o nome de Rosemary, e a chamamos de Rose, creio que tão forte, quanto bonita.
Antes, porem, deles se reconciliarem, o papai fez uma proposta para a minha mãe.
- Elza, vamos embora para São Paulo. Eu caso com você.    Disse ele, ao que a mamãe respondeu:
- Não Olaide! Você tem 2 filhos com a outra, ela precisa mais de você, do que eu.  Eu vou ficar só com um.  Case com ela.  Eu darei um jeito...!
Foi o que ele fez.  
Voltou para dona Da Luz e depois da Rose, vieram mais dois filhos com a esposa (Wilson Luiz Lange e Raquel Lange - que faleceu aos 5 anos de idade), fazendo um total de 5 filhos  , com ela.
Por volta de 1990 eu perguntei a mamãe se ela teria a mesma resposta ao meu pai, com a experiência de vida que agora havia adquirido. A resposta foi negativa.  Também creio que o arrependimento para tal decisão, não demorou a chegar.


MUDANÇA DE VIDA - PERDA DOLOROSA


Meu pai voltou a trabalhar com caminhão deixando de lado o táxi.  Agora, ele já não nos visitava com tanta freqüência.  Certo dia, a mamãe e eu vínhamos subindo a rua lateral da Laminadora Wagner, no Bairro de Olarias, em Ponta Grossa – PR, sentido bairro-cidade.  A mamãe que sempre me fazia muito feliz em todos os momentos, vinha brincando comigo, fazendo-me pular por sobre as poças, formadas pelas pesadas toras de madeira que eram depositadas ali até que pudessem ser utilizadas pela Laminadora, quando parou um caminhão ao nosso lado.  A mamãe não deu atenção, pois era seu costume não dar atenção a alguém que ela não conhecesse.  O motorista, por sua vez, saltou da boléia de seu caminhão e a chamou, foi aí então que reconhecendo a voz ela atendeu: era o meu pai.  Ele queria dar uma noticia maravilhosa.
Em suas viagens, ele tinha muito tempo para pensar e um certo dia estava lembrando de sua amada, Elza...como ela era, sua vida, seu exemplo de mulher Cristã, que apesar de tudo que havia acontecido entre eles, continuava honesta e pura em seu caráter.  E como era carinhosa com a sua filha!  Como era valente e guerreira...! Tendo estes pensamentos, percebeu que estava passando em frente a uma igreja evangélica na qual se realizava um culto. Aí tomou uma importante decisão; entrou e recebeu Jesus como seu salvador pessoal. Ele deu esta noticia, com muita alegria, para ela.  Depois, então, começou a freqüentar a Igreja Presbiteriana do Brasil de Vila Oficinas em Ponta Grossa – PR.

O papai sempre que podia ia nos visitar e dava-me muito carinho.  Depois se tornou escassa a sua visita a ponto de não aparecer mais.   Ele ficou muito doente.  Muitas vezes esperava pela mamãe, na saída do serviço dela.  Certo dia, ao sair do trabalho, ela começou a ouvir: “Psiu! Psiu! Psiu!  Como não era seu costume atender este tipo de ‘chamado’, não deu atenção e continuou seu caminho rumo a nossa casa, até que a pessoa que procurava a sua atenção resolveu brincar com ela dizendo:  ‘Orgulhosa!’  Foi aí que reconhecendo a vós, ela deu atenção e então olhou.   Quase caiu de susto, ao ver diante dela o  seu amado, embora esboçando um sorriso lindo e a dirigir-lhe seus gracejos bem-vindos, tão magro e tão pálido...Muito abalada com tal visão e situação, desejava ardentemente poder ajudá-lo. Ele precisava de repouso, mas não podia...necessitava trabalhar pois tinha 5 filhos e uma esposa para sustentar. Nesta conta a mamãe e eu não estávamos incluídas.  Ela nunca aceitou que ele lhe desse qualquer ajuda.  Mediante a expressão aflita da mamãe, com sua preocupação pela saúde dele, o papai demonstrou a sua tristeza em partir deste mundo sem poder deixar algum amparo para nós.   Não, não era isto que a mamãe queria. Ela desejava ardentemente que ele se tratasse e sarasse.  Bens materiais, na supririam a sua falta.
Não sei dizer se eles se encontraram outras vezes, até que um dia ele desapareceu de vez....sem deixar noticias.  Aonde ele estava?  O que havia acontecido?  Por que não dava noticias? Passaram-se 6 meses ou mais sem que ela tivesse noticia dele.  Já estávamos em julho de 1954, eu estava, agora, com 4 anos e meio e sentia muito a sua falta. Aí ela resolveu ir atrás de noticias. Ela precisava saber de seu amado... então procurou a casa da irmã dele, a tia Leoni.  Para nossa tristeza veio a fatídica noticia:  
Fazia um mês que ele havia falecido.....
  
NOTICIA TRISTE

 Lembro-me daquele dia... ainda morávamos na meia-água, na casa da vó Catarina. A mamãe chegou da rua, muito triste, com a alma a sangrar, e veio para me dar a fatídica noticia....  As lembranças dessa época passam como um filme obscuro em minha mente, mas ainda me lembro.  Creio que a mamãe tomou todo o cuidado para me contar que o meu pai havia falecido.  Não lembro as palavras todas, e nem lembro o que aconteceu depois, mas me recordo a reação que tive ao ouvir de minha mãe ‘o papai morreu’, eu  comecei a chorar muito, encostei meus bracinhos na parede e com a cabeça apoiada neles, chorei ali, a minha primeira desventura.
Embora o papai não vivesse conosco, sua presença era especial e era vital.  Seu carinho e interesse por mim como sua filha e pela minha mãe a quem ele amava, dava-nos força  e um sentimento que não lutávamos sozinhas.  Agora restáva-nos a saudade... Ele era tão bonito e tão jovem...apenas 28 anos de idade.  Como ele fez falta...!  A mamãe estava profundamente triste e então adoeceu..... Acamada sentia sua vida se esvair.... 

sexta-feira, 11 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. CAP.VI – O RETORNO - MAMÃE!... EU VOU MORRER!

AVÓS DE SOBRA


Desde pequena eu me senti muito bem entre os idosos e a cada casa que a mamãe fosse morar, eu chamava de vó a nossa hospedeira.  Então eu tive até aos 7 anos de idade, 5 avós:  a vó Francisca, a vó Conceição, a vó Catarina, a vó Arminda, e a vó Iracema.  Esta última foi aquela senhora gaúcha que a mamãe conheceu na Santa Casa de Ponta Grossa. As minhas avós verdadeiras eu chamava de ‘mãe’: a Mãe-Liza (a mãe de minha mãe) e a Mãe Alcina (a mãe do meu pai).

COM A VÓ CONCEIÇÃO

Quando eu estava com 3 anos de idade, mudamos para a casa da vó Conceição.  Lá moravam com ela dois netos, mais velhos do que eu: o Nelson, que era o maior e o Joãozinho o menor pouca diferença comigo. Este tinha os dois pés tortos.  Eu ficava com a vó Conceição para a mamãe ir trabalhar.  Um dia a vó Conceição foi limpar os canteiros de flores e arrancou alguns matinhos.  A mamãe também havia plantado alguns pezinhos de flores e quando eu vi a vó Conceição arrancando o mato, achei que ela estava arrancando o que a mamãe havia plantado. Então eu ‘briguei’ com ela, e quando a mamãe chegou, eu fui logo ‘entregando’ a vó:
- Mamãe, a vó DISPLANTOU tudo a sua planta...
Podem imaginar as rizadas .......?

DE VOLTA COM A VÓ FRANCISCA


Bom agora havia algo mais que me alegrava.  Na casa da vó Francisca, a família estava para aumentar, a tia Tereza iría ter o seu primeiro bebê.  A vó Francisca e a mamãe ajudaram, e nasceu uma linda menina que levou o nome de Maria José. Como eu queria bem esse bebê !   Gostava muito dela e nos tornamos grandes amigas na nossa infância.
Não sei por que razão, mas, mais uma vez nos mudamos. Agora bem perto. Na rua de cima havia uma meia-água (casa pequena de um cômodo só, com uma só banda de telhado), e a mamãe alugou.  A proprietária morava só coma filha, e então fomos morar com elas.  Então ganhei mais uma avó, a vó Catarina.

MAMÃE!... EU VOU MORRER!

Como sempre, a mamãe precisava trabalhar, e eu ficava aos cuidados de nossas senhorias.   Desta feita era a vó Catarina e a Ana, e como elas me cuidavam bem ! 
Nos fundos da casa havia outro terreno em que a vó Catarina mantinha uma plantação de pêssegos e quando era a época os pessegueiros ficavam carregados e as duas colhiam os frutos para fazer as deliciosas compotas.  Até hoje, mais de 50 anos depois, a minha boca se enche de água ao lembrar das compotas da vó Catarina.  Que delicia!  E sempre elas me davam pêssegos para eu comer, principalmente quando estavam a descascar aquele bacião de pêssegos, pois nunca me negaram coisa alguma. Eu, então me deliciava com os saborosos frutos.
Todas as manhãs, antes da mamãe sair para o trabalho, me preparava uma canecada de chá preto com leite condensado e deixava em um lugar que eu pudesse pegar quando me levantasse.
Naquele dia não foi diferente.  Levantei-me, peguei a minha caneca de leite e bebi gostosamente e saí lá para fora.  A vó Catarina e a Ana estavam as voltas com o bacião de pêssegos para fazer o delicioso doce, a compota.   Não sei dizer quanto tempo decorreu desde que eu bebi o meu leite até este momento.  Então a vó, carinhosamente me estendeu um pêssego para que eu pudesse comer, e eu comi...  Quando eu acabei de saborear a deliciosa fruta, lembrei que havia tomado leite então entrei em pânico... Chorando corri ao portão de madeira e agarrada as ripas comecei a gritar pela minha mãe: 
- Mamãe .... mamãe......mamãããããeee ......venha aqui mamãe! Eu vou morrer mamãe! Eu bebi leite e comi pêssego....eu vou morrer mamããããeee..... mamaãããeee!
Quanto mais alto eu chamava mais alto queria chamar.  Parecia-me que se eu aumentasse o volume de voz iría conseguir que a mamãe me ouvisse e então ela viria me socorrer. Não adiantava a vó e a Ana me agradarem, nada funcionava, mais alto eu chamava pela mamãe.  
Então o meu chamado foi ouvido!  
A mamãe estava trabalhando no centro da cidade, em uma gráfica, não tinha como saber o que estava acontecendo, então quem me ouviu?  A vó Francisca que assustada com os meus gritos e choro, pediu que a tia Tereza fosse me buscar.  Quando a mamãe chegou precisou ir me pegar na casa da vó Francisca, agora bem calma e vivinha como nunca.   Os ensinamentos em casa sempre foram bem rígidos quanto a fazer misturas e desde pequena eu era alertada do perigo das misturas.  Estas coisas ficam em nosso subconsciente e as vezes mesmo depois de adultos e com certa idade não conseguimos nos desvencilhar de alguns tabús.  Como exemplo disto é a história de que manga com leite é veneno, e até hoje eu não consigo me desvencilhar desta história.  Existem varias guloseimas como sorvetes, sucos de manga com leite mas EU ....  eu não tomo !

quinta-feira, 10 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. CAP.VI – O RETORNO - PROVA DIFICIL

VARANDO O PORTÃO

  
Todos os dias, bem cedo, a mamãe saia para trabalhar e a Tia Tereza ficava cuidando de mim. Na casa da vó Francisca havia muitas criações, galinhas, patos, marrecos, cachorros, gatos, pássaros etc ... e para mim que mal sabia andar, era tudo uma festa. Naquela tarde quando entraram na cozinha, uns franguinhos, eu resolvi que deveria tocá-los para fora.  Na porta da cozinha haviam uns três degraus de escada para sair para o quintal. Ali foi posto um portão para proteção. Nesse dia esse portãozinho estava aberto e eu tocando os franguinhos, não parei na porta, caindo pela escada lá fora.  A Vó e a Tia ficaram apavoradas com o meu ‘acidente’, sem saber o que fazer.  A mamãe chegou em seguida e encontrou todos aflitos. Então a tia Tereza, muito nervosa, disse para a mamãe:
- Quase matei a Tide!  Disse isso com aflição e explicou o que havia acontecido.  A mamãe com toda a educação, procurou acalmá-las dizendo:
- Mas se tivesse morrido? O que poderíamos fazer? Isto poderia acontecer até mesmo comigo.  Não se preocupem ....
Dizendo isso foi para o quarto, como era seu costume, levando-me em seus braços.  Quando chegou no quarto então foi aí que ela foi observar o que havia acontecido, o tamanho do ‘galo’ em minha testa. Esta atitude dela tranqüilizou a Tia e a Vó, e fez com que elas a estimassem mais e pudessem cuidar de mim com mais tranqüilidade.  A mamãe era assim, compreensiva, amiga, educada e sabia reconhecer  o que era feito para ela.
  
PROVA DIFICIL
  
Tudo estava bem, mas havia um grande obstáculo a vencer.  O que fazer?  Como contar para os seus pais que tinha uma filha? Família tradicional e não se conhecia nenhum precedente com este.  A mamãe sempre fora muito ativa na Igreja Evangélica, a família toda estava lá na Igreja desde o seu nascimento. 
O meu tataravô, o senhor Francisco Ignácio Borges, foi um dos fundadores da Igreja Presbiteriana Independente de santa Cruz do Rio Pardo.  Logo que ele se converteu, tornou-se um cristão exemplar, e como se dizia na época, um ‘protestante roxo’.  Era difícil para ele freqüentar a Igreja naquela época, porque no vilarejo não havia uma Igreja Evangélica ainda. Então necessitava ir a Botucatu – SP, até que juntamente com outros presbíteros conseguiram trazer a IPI para Santa Cruz.
Creio que com tudo isso em mente, e o dever de ser uma boa cristã, ser um bom exemplo, a mamãe sentia-se envergonhada pela sua situação de mãe solteira. Na metade do século XX isto era algo terrível.  Ela sentia vergonha pelo seu estado civil, porém, nunca tinha vergonha de sua filha amada!!! O sentimento devia se embaralhar em sua mente.  Tinha orgulho de seu bebê, era feliz com ele, porém ainda haveria de enfrentar muita dificuldade e guerrear muito na sua vida.

  
A SOLUÇÃO

Então o que fazer?  Nesta época ela freqüentava a Igreja Presbiteriana do Brasil em Ponta Grossa – PR, situada na Avenida Visconde de Taunay, inicio da Vila Oficinas.  O Pastor local tendo conhecimento de seu dilema resolveu ajudá-la e escreveu para os meus avós, dando ciência  do que estava acontecendo e aproveitando para anunciar à nossa família, a minha existência. Neste tempo eu já estava com de 1 ano de idade.

A VIAGEM

 Chegou o dia da mamãe me apresentar à família.  Primeiro fomos a São Paulo – Capital, para a casa da tia Vasni, irmã de minha mãe.  Durante a viagem eu só queria saber da vó Francisca.  Eu amava-a muito e ela a mim.  A mamãe contava que a cada estação que o trem parava, eu punha a cabeça fora da janela e perguntava para a primeira pessoa que eu visse:
- Cadê vuvó, heim?
E quando estávamos lá,  na casa da minha tia, em São Paulo, a mamãe só bastava começar a contar sobre a vó Francisca, que eu só ao ouvir o nome dela, logo reagia dizendo:
  - a vuvó........a vuvó. 
Então a mamãe começou a evitar de falar o nome da vovó em minha presença, pois eu sentia muita falta dela.

SARAMPO PRÊTO

Quando estávamos em São Paulo, eu comecei a rebentar o sarampo por todo o corpo. As pústulas não se apresentavam em regiões esporádicas e em pequenas manchas no corpo como é o mais comum. Fiquei coberta de sarampo, o tal do ‘sarampo preto’. Durante uma semana inteira foi rebentando.  Quando em algum ponto secava, em seguida voltava a rebentar mais no mesmo lugar.  A mamãe me colocava sentada no pequeno vasinho e ali eu ficava brincando e ‘falando’ sozinha , e para não incomodar o meu tio, ela me deixava na varanda. Com o vento e a garoa fina que caía lá fora deixando o ar humido e frio, a minha saúde piorou, então a mamãe resolveu voltar para Ponta Grossa, comigo.   Como meu estado de saúde piorasse, o sarampo ‘recolheu’ e começou a aparecer tumores, especialmente na minha cabeça, que tomou todo o coro cabeludo.  Com medo de furar os tumores, sem saber qual era a profundidade, ou se era superficial ou se estava sob o couro da cabeça, a mamãe me levou ao Pediatra, no Hospital Infantil Getulio Vargas, conhecido como ‘Hospitalzinho’ e eu fiquei inrternada.  Nesse tempo eu completei meus dois anos de vida, no Hospital.

COM MEDO

Quando a mamãe foi comigo para São Paulo, eu ainda não havia sido registrada.  Meu pai queria fazê-lo, mas não sei por que não o fez.  Com a minha enfermidade se agravando, a mamãe achou que eu poderia morrer.  Sendo assim ela resolveu me registrar, porém,  e o meu pai?  O tio Oliveiros, marido da tia Vasni, se ofereceu para se fazer passar por meu pai mas isto não era certo.  Também, com medo que o meu tio me registrasse como filha dele, e pela ilegalidade que sería se fazer passar por outra pessoa, a mamãe não aceitou.  Um dia foi sozinha para o cartório da Penha, em São Paulo, para me registrar.  Seu desejo era que o meu nome fosse composto com o nome do meu pai e da mãe dela: Ilaíde Eliza.  Porém no cartório não aceitaram, sendo que ela estava só.  Tería que optar por deixar o ‘Eliza’ e tirar o nome do meu pai ou vice-versa.  Ela optou pelo nome do meu pai.

terça-feira, 8 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP VI - O RETORNO - PESSOA DE BRANCO

UMA BOA MÉDIUM

A vó Francisca e sua família eram espíritas cardecistas. Sua casa estava cheia de quadros de dos santos por eles venerados.  O tio Geníplo (casado com a tia Natalia, que era uma das filhas da vó Francisca), era chefe de um centro de mesa que ele mantinha  na sua casa , no Bairro das Olarias em Ponta Grossa. Logo todos ficaram sabendo que a mamãe era evangélica e não compartilhava  das sua crenças. Sendo assim  eles nunca a forçaram a ser espírita. Entre outros assuntos contínuos que surgiam nas rodadas de chimarrão, falava-se muito na crença professada por eles e a mamãe só ficava ouvindo e ela aprendeu que eles  não aceitavam Jesus como guia.  Um dia o tio Geníplo disse para a mamãe que ela daria uma boa médium. Valendo-se de sua descoberta que eles não aceitavam que Jesus fosse o guia de alguém, respondeu:
- Claro seu Geníplo, mas só se Jesus for o meu guia !
- Mas Jesus não pode ser guia de ninguém!  Respondeu ele.
- Então, sinto muito, mas não posso ser médium. Retrucou a minha mãe e o assunto acabou aí.
  
PESSOA DE BRANCO

Certo dia, o tio Geníplo olhou para mim e perguntou para a mamãe:
- A senhora sabe dizer se alguém da sua família morreu recentemente?  Ao que ela respondeu:
- Não! Não sei. Por quê?
- Porque tem uma pessoa de branco acompanhando a Tide.  Disse o tio Geníplo, usando o meu apelido.
- Verdade!? Que bom! Então é Jesus que está com ela! Retrucou a mamãe.  Nunca mais eles viram alguma coisa a nossa respeito.
A Palavra de Deus nos diz: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa  nenhuma , nem tão pouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não teêm eles parte em cousa alguma que se faz debaixo do sol.” (Eclesiastes 9:5-6) “Mostrarás Tu prodígios aos mortos ou os finados se levantarão para te louvar?” (Salmo 88:10) “Os mortos não louvam não louvam o Senhor nem os que descem a região do silêncio.”(Salmo 115:17) Diz o salmista e ainda Moises o grande líder  hebreu que falava com  o Senhor face-a-face, deixou bem claro: “Não se achará entre ti quem faça passa pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor, teu Deus, os lança  de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor, teu Deus.” (Deuteronômio 18:10-13)  Esta ordem divina é também para você que lê estas minhas anotações.  Você quer ir morar com Deus, nos céus?  Então deixe as abominações, deixe a idolatria, sirva ao Senhor Jesus Cristo, vivo, somente.


O QUE É AQUILO !?


No seio da família Silva, a família da vó Francisca, conhecida como nhá Chica, receberam-nos com muito carinho e nos estimavam muito. A casa da vó ficava em uma depressão profunda do terreno.  Entre a casa e a rua de cima havia uma mata e no meio dela existia uma mina de onde se retirava a água para o consumo. Numa determinada noite, as pessoas da casa avistaram  no meio do mato, um grande olho que ficava bem redondo e em seguida  ia diminuindo e afilando igual ao olho de gato e sumia, de repente voltava a aparecer e ia crescendo até ficar novamente, redondo como uma lua cheia. Meus tios eram supersticiosos e tudo para eles era assombração. Ficaram todos com medo e logo encontraram uma solução muito fácil, para eles. Como eles achavam que a minha mãe era uma pessoa muito corajosa, resolveram que ela deveria desvendar este mistério .... mas... o que era aquilo? A mamãe não estava com muito animo, não temia assombrações, pois sabemos que estas coisas não existem, porém o receio que ela sentia era pelo próprio ser humano, alguém com brincadeiras e até más intenções.  Porém, lá foi ela desvendar o mistério tão curioso.  Um tanto assustada com tal visão ela seguia na sua missão.  Com todo o cuidado ela chegou ao local e, surpresa, descobriu que o tal olho que aterrava a todos na casa, não passava de uma tampa da lata de marmelada que quando foi retirada ficou uma lasca formando um gancho e ao ser atirada para o meio do mato, morro abaixo, enroscou-se num galho de árvore e que se movia com a brisa da noite.  Conforme o seu movimento, somado a luz da lua cheia e do poste de luz, fazia aumentar ou diminuir refletindo o brilho da lata. Se a luz batia em cheio, aparecia o olho redondo e brilhante, e a medida que girava diminuía a parte que se podia observar dando o aspecto de olho de gato até sumir completamente para em seguida voltar a aparecer e crescer, fazendo assim um circulo de movimentos intermináveis.


domingo, 6 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP VI - O RETORNO - VIAGEM DE VOLTA

CAPÍTULO VI – O  RETORNO
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 VIAGEM DE VOLTA


Passado o período da dieta, ela resolveu que deveria retornar ao Paraná, a cidade de Ponta Grossa.  Meu pai precisava me conhecer.  No 46º dia após o parto, ela embarcou no trem que nos levaria de volta para Ponta Grossa, numa viagem de 2 dias.  Naquele tempo não havia outro meio de transporte mais acessível que o trem, a Maria-fumaça! Você já viajou tantas horas assim, num trem puxado por uma ‘Maria-Fumaça’?   Delicia de viagem ... Espera aí, eu era apenas um bebê com 1 mês e meio de vida, não posso lembrar dessa  viagem, mas lembro-me, e com saudades, das viagens que fazíamos todo final de ano, de Ponta Grossa – PR  até Ourinhos – SP, quando íamos visitar meu avós em Santa Cruz do Rio Pardo – SP e esta viagem levava mais ou menos 13 horas.  A mamãe nunca me contou qual foi a reação do meu pai quando me viu, porém ela sempre me fez entender o quanto ele me amava.


UMA NOVA MORADIA


Quando eu estava com 6 meses de idade, ela precisou encontrar um novo local para morar, porém precisava ser um lugar aonde eu pudesse ficar para que ela pudesse trabalhar.
Aí ela viu uma casa num lugar sossegado e comigo em seus braços foi até lá  falar com os moradores.  O casal de idosos já a estavam observando enquanto descia o carreiro daquele terreno vago, que ficava acima da casa.  Então o senhor comentou com a sua esposa que se aquela mulher com o bebê estivesse a procura de um lugar para morar eles deveriam aceitar, pois poderia ser uma boa companhia para a velhinha quando ele se fosse.  Não sei dizer porque ele disse isso, pois quem me contou tal episódio foi a vó Francisca.  Então quando a mamãe chegou ao portão foi bem recebida e aceita para morar com eles.   A pouco tempo a tia Tereza me contou que a família no inicio não achou muito bom, mas depois puderam conhecer quem era a Elza, e nos aceitaram como membros de sua família. Até hoje os chamo de ‘tios’ embora todos já tenham falecido com exceção da tia Tereza, por quem tenho muito apreço, e carinho.  Assim ganhamos uma nova família.  A vó Francisca logo ficou viúva. Podem perceber que eu arranjei uma avó e posso dizer que ela era maravilhosa.  Desde que comecei a falar e até hoje eu a chamei de vó e seus filhos de tio e tia. Como me referi antes, ganhamos uma nova família; não de sangue, mas de coração.  Agora a mamãe podia trabalhar tranqüila porque eu estava sendo muito bem cuidada.  O tio Otálio, filho mais novo da vó Francisca, era recém casado com uma jovenzinha de 15 anos, de Curitiba – PR, chamada Tereza Laurindo, que se tornou a minha tia Tereza. Casal novo e sem filhos, eu fui o bebê da casa e a princesinha, cuidada e defendida por todos.  Quando comecei a andar, a vó Francisca me escondia debaixo da mesa, para que ninguém me machucasse, quando chegavam seus filhos e a família para visitá-la. Enquanto contavam seus causos e tomavam chimarrão, sentados em roda, eu ficava sob a mesa e sob as vistas da vó Francisca e da tia Tereza.
Isto me faz lembrar da promessa do Senhor para aqueles que Nele confiam:  “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e os livra.” (Sl. 34:7) “Pois Eu lhe serei, diz o Senhor, um muro de fogo em redor e Eu mesmo serei no meio dela, a sua  glória.” (Zc.2:5)  O Senhor deu a promessa de proteção para todos  aqueles  “que O temem”.  Quem não tem Deus, não pode ter a proteção Dele.  Se confiam em barro para os proteger, ou mesmo nas coisas da natureza ou ainda em superstições então que tais coisas os salvem na hora da adversidade, se podem...  Deus que criou os céus e a terra  e todos os planetas e satélites, também muito mais coisas que não podemos ver e talvez nem conheçamos a sua existência, não irá proteger aqueles que não crêem de coração Nele pois mostram que não confiam no verdadeiro Deus, mas crêem e confiam nas coisas perecíveis.  Crêem e confiam na obra, na criatura e não no Autor da obra, no Criador Todo-poderoso.  Depois saem a lastimar-se. Mas o que pode Deus fazer se o homem não O aceita? Como poderá Ele ajudar alguém  que crê em coisas tão insignificantes?  Deus não divide a Sua glória  e o povo de Israel, a nação israelita  foi destruída por causa do pecado de idolatria.... quer você também ser destruído por causa de seus deuses de barro, pedra, porcelana, louça, etc...? “Deus é espírito e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” São estas pessoas que Deus procura para seus adoradores, pois “O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angustia e conhece os que Nele se refugiam.”  (Naum 1:7)  Neste mundo muitos não têm onde morar. Muitos perdem seus lares  e tudo que possuem e ficam sem lugar para dormir, então vão para debaixo dos viadutos , pontes, marquises, casas abandonadas ou invadem terrenos obsoletos e constroem seus barraquinhos que nem são de pau-a-pique, mas são de papelão, pedaços de lâminas finas nas paredes e forros.   Deus conhece, mas o homem precisa buscar o Deus verdadeiro. O homem precisa largar de fazer magias  e macumbas.  O homem precisa deixar de acreditar em poder de números, a tal ‘numerologia’,  e astros, pois só Deus é o Senhor! Só Jesus Cristo salva! Só Jesus é o verdadeiro caminho. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim.” ( João 14:6)    e mais: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas . Se assim não fora eu vo-lo tería dito. Pois vou preparar-vos lugar.” (João 14:1)  e para o pai do menino possesso, Jesus disse antes de expelir o demônio: “Se podes! Tudo é possível ao que crê” (Marcos 9:23)  e nós deveremos responder igual esse senhor respondeu para Jesus “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (Marcos 9:24) e para Jairo, Jesus disse: “Não temas, crê somente.” (Lucas 8:50).

sábado, 5 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP. V - CONS. DE UM ERRO - O AMOR CHEGA

O AMOR CHEGA

Meu pai  =  Olaide Lange
Houveram outros trabalhos que a mamãe enfrentou na cidade de Ponta Grossa - PR., porem quero continuar falando sobre o Café do Ponto Azul.  Em primeiro lugar, gostaría de falar sobre esse nome ‘Ponto Azul’ e até hoje mais de meio século depois, o nome ainda continua, porém, o prédio de dois andares, não existe mais.  Enquanto escrevo trago em minha mente a lembrança desse lugar.  O local é uma extensão da Praça Barão de Guaraúna, em forma retangular com suas pontas arredondadas.  Ali existia no piso superior o tal Café do Ponto Azul, no piso térreo, dividido por uma passagem que ligava os dois lados da pequena secção triangular da majestosa praça. Ali, dando as costas para a Praça Barão de Guaraúna,  a esquerda havia um  ‘Jornaleiro’.  Ao lado direito não lembro se havia algum comércio pois eu sempre o vi fechado.  Na ponta desse prediozinho que acompanhava a forma  desse segmento da praça, ficava a entrada para o Café do Ponto Azul. Na calçada que ficava para o lado da Praça era o ponto final de diversas linhas de ônibus urbanos, ainda me lembro observar o ‘ataque’ dos pequenos jornaleiros, aos trabalhadores que desembarcavam, a fim de vender os seus jornais; pequenos trabalhadores que sustentavam suas mães e irmãos menores.
No Café do Ponto Azul, os taxistas  que faziam ponto na lateral da Praça Barão de Guaraúna, iam tomar seu café e jogar conversa fora, enquanto descansavam e esperavam 0novos passageiros.  Dentre eles havia um jovem, de boa aparência, destemido e cativante, que aos poucos foi entrando no coração já sofrido e amargurado daquela jovem morena de olhos castanhos, que por vezes dava tons esverdeados, gentil, atenciosa e ágil para atender.  Ela, sozinha e um tanto cansada, notou esse rapaz, bonito e cativante, e seis anos mais jovem que ela. Impressionada com a bela aparência desse rapaz, de voz muito bonita, deixou seu coração falar mais alto. Começaram a namorar!!!!
                                  
                                        
UM PASSO ERRADO

Ele, como um príncipe encantado que vem salvar a jovem donzela dos perigos, tomou conta do coração apaixonado e ela deixou-se cair de amores por esse garboso rapaz, o seu príncipe! 
Agora, a vida lhe sorria! Tudo era mais belo! Agora sua solidão evaporou-se, ela não estava mais só..., agora ela tinha um amor para preencher seu coração. Ele dizia ser solteiro, descompromissado e ela, envolvida como estava, deixou-se levar até as últimas conseqüências. Depois de um tempo, descobriu, aterrada, que havia engravidado.

O QUE FAZER?


Ao visitar o médico (dr. Abraão F), creio que ao confirmar a sua gravidez, sabendo de sua situação, o médico deu o conselho mais obvio para  situação: abortar.  O que ela deveria fazer?  Como enfrentar o mundo, os amigos e o pior de tudo, como enfrentar a sua família? Sua situação não condizia com as suas convicções ... então, o que fazer?  Solteira, sozinha, e agora grávida ?!  Diante de nossas convicções atuais, o que poderíamos aconselhar? Talvez concordássemos com o doutor Abraão – melhor sería fazer aborto!  Se ela o fizesse, o estimado leitor não estaría lendo esta história pois eu não tería nascido
Diante de tal conselho, a mamãe respondeu de imediato, ao seu médico:
- Não doutor! Isso não. Pequei uma vez, não irei pecar a segunda vez!
Então resolveu escrever ao meu pai o que estava acontecendo e qual não foi a sua surpresa ao receber a resposta: era da esposa dele ......!!!! Na carta ela contava para a minha mãe que eles já tinham dois filhos – o Luiz e a Romilda.   Que decepção ! Mais tarde a decepção continuou, pois o meu próprio pai também a aconselhou fazer o aborto...

FUGINDO DE TODOS

Aí ela percebeu que estava lutando sozinha!  Agora sua situação era pior. Resolveu fugir de todos e viajou para o sul, para a cidade de Porto Alegre, a capital gaúcha, e aí buscou abrigo e trabalho no Lar de Meninas de Esteio, o qual era mantido pelo Exército de Salvação, até que eu viesse a nascer. Como ela mesma me dizia:
- Para que tu nascesses em paz.
Lá, ela ficou até que eu nasci, no dia 26 de novembro de 1949, às 11 horas, depois de 2 horas de sofrimento em um parto traumático, com 4 kg e 48 cm de comprimento.

OFERTA A DEUS

Como uma verdadeira Cristã , ela buscou o refúgio em Deus.  Ela havia errado, porém cria num Deus de amor, que odeia o pecado mas ama o pecador.  Sob a proteção de Deus, também buscando o Seu perdão, ela orava diariamente ofertando a Ele aquele ser  que se gerava em suas entranhas. Era seu desejo, igual ao de Ana – mãe do Profeta Samuel (1º Samuel 1), que o seu filho ou sua filha fosse um ou uma servo (a) de Deus e para isso sempre dedicava o seu bebê em formação.  Naqueles idos anos, a 1ª metade do século XX, embora já se aproximasse a década de 50, ainda não havia a ultra-sonografia e ninguém poderia saber com antecedência, o sexo do bebê.  E a mamãe em todas as suas orações  ela dizia para o Senhor:  “ Eu não sei Senhor, o que será, se será menino ou menina, mas seja o que for, eu oferto a Ti...” E como prova de sua oferta, ela completava: “Se for menina não cortarei os cabelos enquanto estiver sob minha orientação, depois, Senhor, será a vontade dela....” Mais ou menos nestas palavras era sempre a sua oferta.

DEUS ACEITA

A mamãe assistia a todas as reuniões (cultos) que eram feitos no Lar de Esteio. No final de cada Reunião, é oferecido a oportunidade a todos que quiserem aceitar a Cristo como seu Salvador e Senhor, ou renovar os seus votos de  fidelidade e ainda desejar consagrar a sua vida, buscar o socorro Divino, vir até a frente e dobrar seus joelhos no “Banco de Penitentes” também chamado de “Banco das Consagrações”.  Aí haverá alguém que irá orara junto com o penitente para ajudá-lo , apoiá-lo ou aconselhar mediante a Palavra de Deus, e interceder por ele ou ela. Este momento é sublime e marca a nossa vida. Quantas lágrimas são derramadas, lágrimas de arrependimento e lágrimas de alegria.   Nesse ‘altar’ nossa alma se derrama perante o Senhor.  Muitas decisões marcantes são tomadas ali, transformações são verificadas a partir dessa decisão. Alcoólatras  e outros com seus viciosa ao ouvir  o apelo da Palavra, vêem cambaleando e depositam ali os seus pecados e vários deles quando se levantam para retornar ao seus lugares, já se levantam curados e sóbrios.

 Deus é maravilhoso, Aleluia !

Outros deixam no Altar objetos que consideram o motivo para os seus pecados.  Eu Já presenciei grandes vitórias.
Eu e o meu pandeiro
Uma vez em Ponta Grossa – PR , a mamãe eu estávamos nos dirigindo para a Reunião  (Culto) de Salvação de domingo a noite, quando ao passarmos em frente a um bar vimos um senhor, cambaleante porém muito animado, com um pandeiro a ‘tocar’ e cantar.  Nós duas comentamos  sobre como sería bom se aquele senhor se convertesse.  Em primeiro lugar por causa de sua própria alma, e depois com toda aquela animação, como sería bom para a Obra de Deus...   Deus ouviu nosso comentário e considerações e o chamou.   Quando estávamos na Reunião (Culto), ele chegou e no final, após a mensagem da Palavra de Deus , foi a frente entregando sua vida para Jesus e deixou o seu pandeiro, para a nossa Igreja, o Exército de Salvação em Ponta Grossa – PR.  Mais tarde nós pudemos aprender  a tocar pandeiros para o louvor do Senhor Jesus, com o pandeiro do senhor Aroldo Pinto.  Eu disse ‘nós’, porque estou incluindo aqui as filhas do seu Aroldo:  a Tânia, a Telma, e a pequenina Eliana, um pouco mais tarde veio a Regiane.  Agora nós contávamos com o seu Aroldo, sua esposa a dona Irene, e as suas filhas.   São passados mais de 40 anos, e Deus já levou o seu Aroldo, mas  a  sua filha Eliana permanece fiel e tem sido uma grande benção na Obra do Senhor , em Curitiba – PR.
Voltando para a história da minha mãe, para a reunião de Santidade em Esteio, naquele domingo de manhã, talvez outubro ou mesmo novembro de 1949, quase o final de sua gravidez, sentia-se vividamente a presença do Espírito Santo tocando e falando aos corações, o seu desejo era ir também orar, de joelhos lá na frente, mas ela não conseguiria se ajoelhar no ‘banco de penitentes’. Muitas pessoas, emocionadas e tocadas pelo Poder, levantavam e iam se ajoelhar diante do Senhor, ali no ‘altar’. A mamãe por sua vez, também sentindo a presença Divina, desejou se ajoelhar no ‘altar’ então orou ao Senhor mais uma vez.  Seu estado não lhe permitia ajoelhar-se, mas orou assim mesmo e mais uma vez ofertou seu bebê ao Senhor e pedindo que Ele aceitasse a sua oferta...  nesse momento ela sentiu-se envolvida por um véu que a cobriu completamente  e ela soube nesse instante que o Senhor aceitara a sua oferta.  Aleluia !!!!
Desse dia em diante a sua vontade não era mais ofertar, mas era agradecer a Deus por ter aceito a sua oferta e pedia saúde e sabedoria para o seu bebê.



NA MATERNIDADE


         No tempo certo, a mamãe foi para o Hospital a fim de se internar na maternidade. 
         Logo na chegada começou a enfrentar problemas e humilhações.
O recepcionista, na portaria, ao preencher a ficha de internação, quando soube que ela estava sozinha  e era solteira começou a lhe dirigir impropérios e a tratar com desdém.   Para a mamãe, naquele momento o que mais interessava era que ela iría dar a luz, o seu bebê enfim iría chegar.  Ela iría poder segurá-lo em seus braços, ver o seu rosto, e dar-lhe todo o seu amor.  E que amor !!!!   Era para ter dado a luz dois dias antes , contudo no dia 26 de novembro, às 9 horas da manhã,  ela foi levada a sala de partos.  Rodeada por médicos, o parto era muito difícil.  Foi necessário abrir o colo e fazer várias incisões porque o bebê era muito grande e ela era pequena.  No momento que os médicos abriram o colo, a criança chorou ainda no ventre.  Os médicos comentaram isso.  Depois de 2 horas de sofrimento, de dores alucinantes, e dos médicos suarem muito, nasceu uma menina com mais de 4 Kg e 48 cm. de comprimento, branca como uma folha de papel. Assim nasci eu!  Em seguida os médicos me puseram sobre a mamãe e ela me elevou entre as suas mãos e disse:
“Deus te abençoe, minha filha. Deus te   abençoe.”.
 Antes de sair da sala de parto recebi a pulseirinha de identificação com o número 10, que era o número do leito de minha mãe.  Era costume, antigamente deixarem os bebês em jejum  por 24 horas após o parto, repousando no berçário, para só depois tomar a primeira mamada.  A mamãe, embora cansada por um trabalho de parto tão difícil, não se continha de felicidade e aflição para logo ver a sua amada filha que ela havia protegido em seu ventre durante os 9 meses.  Agora invadia o seu coração um sentimento de preocupação e medo que lhe roubassem o seu bebê, ficava indagando pela sua filha as enfermeiras.  Quando fui levada para que ela pudesse me alimentar, não me reconheceu porque agora uma cor rosada havia tomado o lugar daquele branco-de-papel que se apresentava na hora do nascimento.  Só acreditou o bebê em seus braços era o seu bebê, quando verificou o número da pulseirinha no punho do neném e também observou os traços e reconheceu em mim alguma coisa que lembrava o meu pai como as orelhas um tanto levantadas.
Doze dias mais tarde ela recebeu alta hospitalar e voltou para o Lar de meninas de Esteio, levando-me com muito orgulho, em seus amorosos braços. Ali ela passou todo o período de sua dieta.