sábado, 5 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP. V - CONS. DE UM ERRO - O AMOR CHEGA

O AMOR CHEGA

Meu pai  =  Olaide Lange
Houveram outros trabalhos que a mamãe enfrentou na cidade de Ponta Grossa - PR., porem quero continuar falando sobre o Café do Ponto Azul.  Em primeiro lugar, gostaría de falar sobre esse nome ‘Ponto Azul’ e até hoje mais de meio século depois, o nome ainda continua, porém, o prédio de dois andares, não existe mais.  Enquanto escrevo trago em minha mente a lembrança desse lugar.  O local é uma extensão da Praça Barão de Guaraúna, em forma retangular com suas pontas arredondadas.  Ali existia no piso superior o tal Café do Ponto Azul, no piso térreo, dividido por uma passagem que ligava os dois lados da pequena secção triangular da majestosa praça. Ali, dando as costas para a Praça Barão de Guaraúna,  a esquerda havia um  ‘Jornaleiro’.  Ao lado direito não lembro se havia algum comércio pois eu sempre o vi fechado.  Na ponta desse prediozinho que acompanhava a forma  desse segmento da praça, ficava a entrada para o Café do Ponto Azul. Na calçada que ficava para o lado da Praça era o ponto final de diversas linhas de ônibus urbanos, ainda me lembro observar o ‘ataque’ dos pequenos jornaleiros, aos trabalhadores que desembarcavam, a fim de vender os seus jornais; pequenos trabalhadores que sustentavam suas mães e irmãos menores.
No Café do Ponto Azul, os taxistas  que faziam ponto na lateral da Praça Barão de Guaraúna, iam tomar seu café e jogar conversa fora, enquanto descansavam e esperavam 0novos passageiros.  Dentre eles havia um jovem, de boa aparência, destemido e cativante, que aos poucos foi entrando no coração já sofrido e amargurado daquela jovem morena de olhos castanhos, que por vezes dava tons esverdeados, gentil, atenciosa e ágil para atender.  Ela, sozinha e um tanto cansada, notou esse rapaz, bonito e cativante, e seis anos mais jovem que ela. Impressionada com a bela aparência desse rapaz, de voz muito bonita, deixou seu coração falar mais alto. Começaram a namorar!!!!
                                  
                                        
UM PASSO ERRADO

Ele, como um príncipe encantado que vem salvar a jovem donzela dos perigos, tomou conta do coração apaixonado e ela deixou-se cair de amores por esse garboso rapaz, o seu príncipe! 
Agora, a vida lhe sorria! Tudo era mais belo! Agora sua solidão evaporou-se, ela não estava mais só..., agora ela tinha um amor para preencher seu coração. Ele dizia ser solteiro, descompromissado e ela, envolvida como estava, deixou-se levar até as últimas conseqüências. Depois de um tempo, descobriu, aterrada, que havia engravidado.

O QUE FAZER?


Ao visitar o médico (dr. Abraão F), creio que ao confirmar a sua gravidez, sabendo de sua situação, o médico deu o conselho mais obvio para  situação: abortar.  O que ela deveria fazer?  Como enfrentar o mundo, os amigos e o pior de tudo, como enfrentar a sua família? Sua situação não condizia com as suas convicções ... então, o que fazer?  Solteira, sozinha, e agora grávida ?!  Diante de nossas convicções atuais, o que poderíamos aconselhar? Talvez concordássemos com o doutor Abraão – melhor sería fazer aborto!  Se ela o fizesse, o estimado leitor não estaría lendo esta história pois eu não tería nascido
Diante de tal conselho, a mamãe respondeu de imediato, ao seu médico:
- Não doutor! Isso não. Pequei uma vez, não irei pecar a segunda vez!
Então resolveu escrever ao meu pai o que estava acontecendo e qual não foi a sua surpresa ao receber a resposta: era da esposa dele ......!!!! Na carta ela contava para a minha mãe que eles já tinham dois filhos – o Luiz e a Romilda.   Que decepção ! Mais tarde a decepção continuou, pois o meu próprio pai também a aconselhou fazer o aborto...

FUGINDO DE TODOS

Aí ela percebeu que estava lutando sozinha!  Agora sua situação era pior. Resolveu fugir de todos e viajou para o sul, para a cidade de Porto Alegre, a capital gaúcha, e aí buscou abrigo e trabalho no Lar de Meninas de Esteio, o qual era mantido pelo Exército de Salvação, até que eu viesse a nascer. Como ela mesma me dizia:
- Para que tu nascesses em paz.
Lá, ela ficou até que eu nasci, no dia 26 de novembro de 1949, às 11 horas, depois de 2 horas de sofrimento em um parto traumático, com 4 kg e 48 cm de comprimento.

OFERTA A DEUS

Como uma verdadeira Cristã , ela buscou o refúgio em Deus.  Ela havia errado, porém cria num Deus de amor, que odeia o pecado mas ama o pecador.  Sob a proteção de Deus, também buscando o Seu perdão, ela orava diariamente ofertando a Ele aquele ser  que se gerava em suas entranhas. Era seu desejo, igual ao de Ana – mãe do Profeta Samuel (1º Samuel 1), que o seu filho ou sua filha fosse um ou uma servo (a) de Deus e para isso sempre dedicava o seu bebê em formação.  Naqueles idos anos, a 1ª metade do século XX, embora já se aproximasse a década de 50, ainda não havia a ultra-sonografia e ninguém poderia saber com antecedência, o sexo do bebê.  E a mamãe em todas as suas orações  ela dizia para o Senhor:  “ Eu não sei Senhor, o que será, se será menino ou menina, mas seja o que for, eu oferto a Ti...” E como prova de sua oferta, ela completava: “Se for menina não cortarei os cabelos enquanto estiver sob minha orientação, depois, Senhor, será a vontade dela....” Mais ou menos nestas palavras era sempre a sua oferta.

DEUS ACEITA

A mamãe assistia a todas as reuniões (cultos) que eram feitos no Lar de Esteio. No final de cada Reunião, é oferecido a oportunidade a todos que quiserem aceitar a Cristo como seu Salvador e Senhor, ou renovar os seus votos de  fidelidade e ainda desejar consagrar a sua vida, buscar o socorro Divino, vir até a frente e dobrar seus joelhos no “Banco de Penitentes” também chamado de “Banco das Consagrações”.  Aí haverá alguém que irá orara junto com o penitente para ajudá-lo , apoiá-lo ou aconselhar mediante a Palavra de Deus, e interceder por ele ou ela. Este momento é sublime e marca a nossa vida. Quantas lágrimas são derramadas, lágrimas de arrependimento e lágrimas de alegria.   Nesse ‘altar’ nossa alma se derrama perante o Senhor.  Muitas decisões marcantes são tomadas ali, transformações são verificadas a partir dessa decisão. Alcoólatras  e outros com seus viciosa ao ouvir  o apelo da Palavra, vêem cambaleando e depositam ali os seus pecados e vários deles quando se levantam para retornar ao seus lugares, já se levantam curados e sóbrios.

 Deus é maravilhoso, Aleluia !

Outros deixam no Altar objetos que consideram o motivo para os seus pecados.  Eu Já presenciei grandes vitórias.
Eu e o meu pandeiro
Uma vez em Ponta Grossa – PR , a mamãe eu estávamos nos dirigindo para a Reunião  (Culto) de Salvação de domingo a noite, quando ao passarmos em frente a um bar vimos um senhor, cambaleante porém muito animado, com um pandeiro a ‘tocar’ e cantar.  Nós duas comentamos  sobre como sería bom se aquele senhor se convertesse.  Em primeiro lugar por causa de sua própria alma, e depois com toda aquela animação, como sería bom para a Obra de Deus...   Deus ouviu nosso comentário e considerações e o chamou.   Quando estávamos na Reunião (Culto), ele chegou e no final, após a mensagem da Palavra de Deus , foi a frente entregando sua vida para Jesus e deixou o seu pandeiro, para a nossa Igreja, o Exército de Salvação em Ponta Grossa – PR.  Mais tarde nós pudemos aprender  a tocar pandeiros para o louvor do Senhor Jesus, com o pandeiro do senhor Aroldo Pinto.  Eu disse ‘nós’, porque estou incluindo aqui as filhas do seu Aroldo:  a Tânia, a Telma, e a pequenina Eliana, um pouco mais tarde veio a Regiane.  Agora nós contávamos com o seu Aroldo, sua esposa a dona Irene, e as suas filhas.   São passados mais de 40 anos, e Deus já levou o seu Aroldo, mas  a  sua filha Eliana permanece fiel e tem sido uma grande benção na Obra do Senhor , em Curitiba – PR.
Voltando para a história da minha mãe, para a reunião de Santidade em Esteio, naquele domingo de manhã, talvez outubro ou mesmo novembro de 1949, quase o final de sua gravidez, sentia-se vividamente a presença do Espírito Santo tocando e falando aos corações, o seu desejo era ir também orar, de joelhos lá na frente, mas ela não conseguiria se ajoelhar no ‘banco de penitentes’. Muitas pessoas, emocionadas e tocadas pelo Poder, levantavam e iam se ajoelhar diante do Senhor, ali no ‘altar’. A mamãe por sua vez, também sentindo a presença Divina, desejou se ajoelhar no ‘altar’ então orou ao Senhor mais uma vez.  Seu estado não lhe permitia ajoelhar-se, mas orou assim mesmo e mais uma vez ofertou seu bebê ao Senhor e pedindo que Ele aceitasse a sua oferta...  nesse momento ela sentiu-se envolvida por um véu que a cobriu completamente  e ela soube nesse instante que o Senhor aceitara a sua oferta.  Aleluia !!!!
Desse dia em diante a sua vontade não era mais ofertar, mas era agradecer a Deus por ter aceito a sua oferta e pedia saúde e sabedoria para o seu bebê.



NA MATERNIDADE


         No tempo certo, a mamãe foi para o Hospital a fim de se internar na maternidade. 
         Logo na chegada começou a enfrentar problemas e humilhações.
O recepcionista, na portaria, ao preencher a ficha de internação, quando soube que ela estava sozinha  e era solteira começou a lhe dirigir impropérios e a tratar com desdém.   Para a mamãe, naquele momento o que mais interessava era que ela iría dar a luz, o seu bebê enfim iría chegar.  Ela iría poder segurá-lo em seus braços, ver o seu rosto, e dar-lhe todo o seu amor.  E que amor !!!!   Era para ter dado a luz dois dias antes , contudo no dia 26 de novembro, às 9 horas da manhã,  ela foi levada a sala de partos.  Rodeada por médicos, o parto era muito difícil.  Foi necessário abrir o colo e fazer várias incisões porque o bebê era muito grande e ela era pequena.  No momento que os médicos abriram o colo, a criança chorou ainda no ventre.  Os médicos comentaram isso.  Depois de 2 horas de sofrimento, de dores alucinantes, e dos médicos suarem muito, nasceu uma menina com mais de 4 Kg e 48 cm. de comprimento, branca como uma folha de papel. Assim nasci eu!  Em seguida os médicos me puseram sobre a mamãe e ela me elevou entre as suas mãos e disse:
“Deus te abençoe, minha filha. Deus te   abençoe.”.
 Antes de sair da sala de parto recebi a pulseirinha de identificação com o número 10, que era o número do leito de minha mãe.  Era costume, antigamente deixarem os bebês em jejum  por 24 horas após o parto, repousando no berçário, para só depois tomar a primeira mamada.  A mamãe, embora cansada por um trabalho de parto tão difícil, não se continha de felicidade e aflição para logo ver a sua amada filha que ela havia protegido em seu ventre durante os 9 meses.  Agora invadia o seu coração um sentimento de preocupação e medo que lhe roubassem o seu bebê, ficava indagando pela sua filha as enfermeiras.  Quando fui levada para que ela pudesse me alimentar, não me reconheceu porque agora uma cor rosada havia tomado o lugar daquele branco-de-papel que se apresentava na hora do nascimento.  Só acreditou o bebê em seus braços era o seu bebê, quando verificou o número da pulseirinha no punho do neném e também observou os traços e reconheceu em mim alguma coisa que lembrava o meu pai como as orelhas um tanto levantadas.
Doze dias mais tarde ela recebeu alta hospitalar e voltou para o Lar de meninas de Esteio, levando-me com muito orgulho, em seus amorosos braços. Ali ela passou todo o período de sua dieta.




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