sexta-feira, 11 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. CAP.VI – O RETORNO - MAMÃE!... EU VOU MORRER!

AVÓS DE SOBRA


Desde pequena eu me senti muito bem entre os idosos e a cada casa que a mamãe fosse morar, eu chamava de vó a nossa hospedeira.  Então eu tive até aos 7 anos de idade, 5 avós:  a vó Francisca, a vó Conceição, a vó Catarina, a vó Arminda, e a vó Iracema.  Esta última foi aquela senhora gaúcha que a mamãe conheceu na Santa Casa de Ponta Grossa. As minhas avós verdadeiras eu chamava de ‘mãe’: a Mãe-Liza (a mãe de minha mãe) e a Mãe Alcina (a mãe do meu pai).

COM A VÓ CONCEIÇÃO

Quando eu estava com 3 anos de idade, mudamos para a casa da vó Conceição.  Lá moravam com ela dois netos, mais velhos do que eu: o Nelson, que era o maior e o Joãozinho o menor pouca diferença comigo. Este tinha os dois pés tortos.  Eu ficava com a vó Conceição para a mamãe ir trabalhar.  Um dia a vó Conceição foi limpar os canteiros de flores e arrancou alguns matinhos.  A mamãe também havia plantado alguns pezinhos de flores e quando eu vi a vó Conceição arrancando o mato, achei que ela estava arrancando o que a mamãe havia plantado. Então eu ‘briguei’ com ela, e quando a mamãe chegou, eu fui logo ‘entregando’ a vó:
- Mamãe, a vó DISPLANTOU tudo a sua planta...
Podem imaginar as rizadas .......?

DE VOLTA COM A VÓ FRANCISCA


Bom agora havia algo mais que me alegrava.  Na casa da vó Francisca, a família estava para aumentar, a tia Tereza iría ter o seu primeiro bebê.  A vó Francisca e a mamãe ajudaram, e nasceu uma linda menina que levou o nome de Maria José. Como eu queria bem esse bebê !   Gostava muito dela e nos tornamos grandes amigas na nossa infância.
Não sei por que razão, mas, mais uma vez nos mudamos. Agora bem perto. Na rua de cima havia uma meia-água (casa pequena de um cômodo só, com uma só banda de telhado), e a mamãe alugou.  A proprietária morava só coma filha, e então fomos morar com elas.  Então ganhei mais uma avó, a vó Catarina.

MAMÃE!... EU VOU MORRER!

Como sempre, a mamãe precisava trabalhar, e eu ficava aos cuidados de nossas senhorias.   Desta feita era a vó Catarina e a Ana, e como elas me cuidavam bem ! 
Nos fundos da casa havia outro terreno em que a vó Catarina mantinha uma plantação de pêssegos e quando era a época os pessegueiros ficavam carregados e as duas colhiam os frutos para fazer as deliciosas compotas.  Até hoje, mais de 50 anos depois, a minha boca se enche de água ao lembrar das compotas da vó Catarina.  Que delicia!  E sempre elas me davam pêssegos para eu comer, principalmente quando estavam a descascar aquele bacião de pêssegos, pois nunca me negaram coisa alguma. Eu, então me deliciava com os saborosos frutos.
Todas as manhãs, antes da mamãe sair para o trabalho, me preparava uma canecada de chá preto com leite condensado e deixava em um lugar que eu pudesse pegar quando me levantasse.
Naquele dia não foi diferente.  Levantei-me, peguei a minha caneca de leite e bebi gostosamente e saí lá para fora.  A vó Catarina e a Ana estavam as voltas com o bacião de pêssegos para fazer o delicioso doce, a compota.   Não sei dizer quanto tempo decorreu desde que eu bebi o meu leite até este momento.  Então a vó, carinhosamente me estendeu um pêssego para que eu pudesse comer, e eu comi...  Quando eu acabei de saborear a deliciosa fruta, lembrei que havia tomado leite então entrei em pânico... Chorando corri ao portão de madeira e agarrada as ripas comecei a gritar pela minha mãe: 
- Mamãe .... mamãe......mamãããããeee ......venha aqui mamãe! Eu vou morrer mamãe! Eu bebi leite e comi pêssego....eu vou morrer mamããããeee..... mamaãããeee!
Quanto mais alto eu chamava mais alto queria chamar.  Parecia-me que se eu aumentasse o volume de voz iría conseguir que a mamãe me ouvisse e então ela viria me socorrer. Não adiantava a vó e a Ana me agradarem, nada funcionava, mais alto eu chamava pela mamãe.  
Então o meu chamado foi ouvido!  
A mamãe estava trabalhando no centro da cidade, em uma gráfica, não tinha como saber o que estava acontecendo, então quem me ouviu?  A vó Francisca que assustada com os meus gritos e choro, pediu que a tia Tereza fosse me buscar.  Quando a mamãe chegou precisou ir me pegar na casa da vó Francisca, agora bem calma e vivinha como nunca.   Os ensinamentos em casa sempre foram bem rígidos quanto a fazer misturas e desde pequena eu era alertada do perigo das misturas.  Estas coisas ficam em nosso subconsciente e as vezes mesmo depois de adultos e com certa idade não conseguimos nos desvencilhar de alguns tabús.  Como exemplo disto é a história de que manga com leite é veneno, e até hoje eu não consigo me desvencilhar desta história.  Existem varias guloseimas como sorvetes, sucos de manga com leite mas EU ....  eu não tomo !

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