quinta-feira, 3 de março de 2011

M. Mãe - Meu Tes. - Cap IV - A Fid. de Deus - O DESASTRE

PARABÉNS!  FOI DEUS!

O trem que levava a mamãe ao Paraná, chegou logo de manhã em Curitiba e ela foi comprar uma passagem porque pretendia descer a Paranaguá.  A litorina que a levaria ao litoral, sairía de manhã do dia seguinte, sendo assim ela precisava hospedar-se num hotel próximo a Estação Ferroviária.
Passarei aqui a transcrever a história com as próprias palavras da mamãe:

“ No dia seguinte, levantei bem cedo para descer à Paranaguá e saí do Hotel com antecedência, a fim de embarcar na litorina que sairía as 8 horas da manhã. Mas quando cheguei na escadaria da estação, ouvi soar o 1º sinal de partida, então corri, porém a porta principal estava fechada.  Quando achei a outra porta de acesso ao embarque, tería que percorrer um corredor longo e até que ao fim eu consegui chegar a plataforma de embarque, então soou o 2º e último sinal e a litorina fechou aporta diante de meus olhos e partiu para sua viagem deixando-me estarrecida.  E agora?  Resolvi pedir ao bilheteiro para revalidar  a minha passagem para o outro dia, explicando-lhe como eu havia  me atrapalhado com a entrada e as portas, sendo que a principal estava fechada.  Foi aí que ele me informou que aquela porta não era aberta para o embarque da litorina e o acesso se dava apenas pela porta do corredor.   O bilhete foi revalidado para o dia seguinte, então retornei ao Hotel.  Na manhã seguinte, quando abri a porta do quarto, ali em frente estavam reunidos, os pensionistas, os funcionários e os donos do Hotel.  E em coro cantaram “Parabéns a você...” e após cantarem, um-a-um vinham me abraçar e felicitar ... fiquei assustadíssima com tal manifestação e falei: 
- Por que isto?  Por que estão me felicitando? Não estou fazendo aniversário....
- Foi Deus quem guardou a senhora. (alguém disse).
- Foi Deus mesmo que guardou a senhora – responderam em coro – foi Ele Quem fez a senhora perder a litorina.
- Como assim? – perguntei e então eles explicaram...
- É que houve um acidente feio com a litorina. Na entrada de Paranaguá ela chocou-se com um ônibus e pelo que sabemos, todos os passageiros do ônibus morreram mas da litorina ninguém morreu, porém com o choque ela tombou, batendo num poste e quebrando ao meio.  Quem sabe se a senhora não sería a vítima fatal? Foi Deus  Quem fez a senhora perdê-la, se atrapalhando com as portas. Foi Deus Quem a guardou, foi sim!
Aquelas pessoas que me felicitavam, realmente viram que eu temia a Deus e O servia, que eu era uma serva de Deus.  Ele me protegeu de ser, talvez, a vítima fatal, pois eu escolheria a poltrona central da litorina ...”

Litorina era um tipo de ônibus sobre trilhos, um trem com apenas um carro. Por conseqüente mais rápido do que um trem convencional. A mamãe gostava de sentar-se, mais ou menos, nas poltronas do meio do carro e o lado esquerdo sería a sua preferência, com certeza, pois sempre gostou de usufruir as paisagens que iriam passar.  Essa descida a Paranaguá é uma das mais belas viagens e há muitos pontos a destacar, desde a própria arquitetura da estrada de ferro  como a exuberante natureza que a envolve, como por exemplo a famosa cachoeira, na descida da serra conhecida como ‘Véu de Noiva”.

  
O DESASTRE


Continuou, a mamãe, na sua narrativa:

“Em Paranaguá, no dia 15 de novembro há uma grande romaria para a santa venerada chamada Rocio.  Essa festa atrai muita gente oriundos de  de diversos lugares como Ponta Grossa, Castro, Palmeiras, etc....em destaque o pessoal de Curitiba e cidades adjacentes . Naquela época a cidade de Paranaguá  possuía um ônibus velho, procedente de Curitiba, de cor amarela, por isso, chamado pelo povo de ‘amarelinho’.  Em tempo de romaría, ele deveria suportar o excesso de passageiros. Naquele fatídico dia 15 de novembro de 1947, o motorista do ‘amarelinho’ não viu a litorina que vinha em alta velocidade e atravessou na frente.  O choque foi tremendo! O ônibus que era feito de taboas, ficou despedaçado havendo pessoas transpassadas por elas. Com o impacto, a litorina tombou batendo violentamente, no poste, ao lado da estrada de ferro, o qual fez com que ela partisse ao meio. Embora a violência sofrida, na litorina nenhum passageiro perdeu a vida.  No dia seguinte, quando descemos a serra, pudemos ver o que restou do ônibus: apenas o assoalho, sem rodas e só uma taboa em pé!
Hospedei-me em um Hotel onde também estava hospedado o condutor da litorina desastrada e mais dois passageiros que sentiam muitas dores pelo corpo, resultado do acidente.
Fora Deus quem me livrou do acidente...
Como Deus tem sido bom para mim !”


DESCONHECIDA FAMOSA

As experiências da mamãe continuam, por causa desse terrível acidente. Observe o que ela conta a seguir:

Quando voltei a Curitiba, resolvi ir a Ponta Grossa e já havia embarcado no trem, aguardando a hora da partida, quando um senhor, ao passar pela janela em que eu estava, me reconheceu. Ele trabalhava ali na Estação. Ao ver-me, veio perguntar se era eu, a jovem que perdera a fatídica litorina naquele 15 de novembro. Com a minha confirmação, ele passou a falar sobre o fato, dizendo: 
- Foi Deus Quem a guardou, fazendo-a perder a litorina. A senhora imagina que o bilheteiro nunca revalidou passagem alguma, e para a senhora ele fez. Ele achou que  a senhora foi tão educada ao falar, que o fez revalidar a sua passagem, porque foi Deus que a protegeu!
Eu não sabia, mas o assunto era da moça, cuja não sabiam o nome, e que por se atrapalhar  com as portas de entrada, perdeu a litorina, que partiu para sua viagem deixando para trás essa passageira que Deus não permitiu embarcar.  Na verdade Deus tem agido assim, de maneira maravilhosa. Ele permitiu que os meus irmãos me humilhassem, porque tinha um plano para mim; mesmo que a minha alma chorasse, mesmo que sentisse tremenda saudade, Ele estava ao meu lado em qualquer momento, nas lutas do dia-a-dia, na dor, nos sofrimentos, nas alegrias, nas tristezas, na saudade que fere o mais profundo da alma. Ele estava ao meu lado!”

Sim Deus nunca a abandonou, embora fosse falha como todos nós. Ela sempre esteve nos braços do Senhor que a cuidou com muito carinho.

Louvado seja Deus!




(visite o meu segundo Blog http://tidefleury.blog.com  )



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