domingo, 13 de março de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP.VII – A FAMÍLIA LANGE

                       
A FAMÍLIA LANGE


O meu avô paterno, o vovô João,  veio de uma região da Alemanha que era controlada pela Rússia.   Dizíamos que ele era russo-alemão.  A família dele se estabeleceu na região de  Ivaí – PR.  O jovem  João Lange logo se interessou por uma jovem brasileira, cheia de graça, moreninha, e ela parecia corresponder aos seus sentimentos.  Como se deu a história, eu não sei dizer, pois sei muito pouco desta parte da família.  Só sei que se casaram e tiveram 5 filhos dos quais apenas 1 não se criou.  Ela se chamava Alcina Cordeiro e os filhos são:  Leony Lange  ( hoje Camargo), Olaide Lange (o meu pai), Olimpio Lange,  Tereza Lange  (por casamento Pereira), e o pequeno João que falecera bem pequeno.

                                 O PAPAI


Nascido a 10 de março de 1926 (?) em Ivaí – PR. Era profissional do volante.  Seu trabalho o levava a muitos lugares diferentes.  Tornou-se caminhoneiro, muito cedo. Por vezes trocava o volante do caminhão por um carro menor, que chamávamos de automóvel, assim tornou-se taxista e seu ponto ficava na Praça Barão do Rio Branco, junto ao Ponto Azul, em Ponta Grossa – PR.  Enquanto aguardava os seus passageiros aparecerem, reunia-se com os seus colegas no café do Ponto Azul.  De boa aparência e com um jeito conquistador era fácil logo se apaixonar por ele.   Com jeito de alemão e estilo russo, ele conquistava os corações.  Havia se comprometido com uma jovem  com quem vivera por alguns anos e tiveram dois filhos: Luiz Carlos Lange (foto) e Romilda Lange.  Desentenderam-se e ele saiu de casa.  Nesse período seguinte é que a mamãe foi trabalhar no Café Ponto Azul e então se conheceram.  Ele julgava que aquela garçonete que lhe servia com tanta graça, fosse igual a tantas outras que ele conhecera durante a sua vida até o momento.  Mostrando interesse, por ela foi correspondido.  Começaram então a namorar.  Foram até as últimas conseqüências.  Ela sozinha em uma cidade estranha, agora tinha com quem dividir a sua solidão e tristezas.  Ela amava-o com todas as forças de seu coração e ele tomava conta de seus pensamentos e que alegria era estar com ele...!  Sem que alguém pudesse suspeitar, uma nova vida se formava, e a mamãe traria para o resto de sua vida, o fruto desse grande amor.

PEDIDO RECUSADO

Logo que o meu pai soube que eu estava a caminho, passado o primeiro momento em que a sua idéia era o aborto, e, como dizemos hoje, ‘esfriando a cabeça’, ele tomou uma decisão importante.  Para isto ele levou um tempo conhecendo melhor  a minha mãe: seu caráter, sua educação, sua personalidade, etc... Reconhecido o seu erro, desejou reparar. Havia porém um ponto marcante: ele tinha mulher e dois filhos, contudo não era casado com ela e quando ele conheceu a minha mãe, eles estavam separados por desentendimento muito sério, entre eles.  Não cabe a mim  recriminar quem quer que seja.  Logo depois ele voltou com a companheira e ela ficou grávida a espera de seu 3º bebê, que veio nascer a 8 de março de 1950, portanto 3 meses e 12 dias depois do meu nascimento, e era uma menina, que ganhou o nome de Rosemary, e a chamamos de Rose, creio que tão forte, quanto bonita.
Antes, porem, deles se reconciliarem, o papai fez uma proposta para a minha mãe.
- Elza, vamos embora para São Paulo. Eu caso com você.    Disse ele, ao que a mamãe respondeu:
- Não Olaide! Você tem 2 filhos com a outra, ela precisa mais de você, do que eu.  Eu vou ficar só com um.  Case com ela.  Eu darei um jeito...!
Foi o que ele fez.  
Voltou para dona Da Luz e depois da Rose, vieram mais dois filhos com a esposa (Wilson Luiz Lange e Raquel Lange - que faleceu aos 5 anos de idade), fazendo um total de 5 filhos  , com ela.
Por volta de 1990 eu perguntei a mamãe se ela teria a mesma resposta ao meu pai, com a experiência de vida que agora havia adquirido. A resposta foi negativa.  Também creio que o arrependimento para tal decisão, não demorou a chegar.


MUDANÇA DE VIDA - PERDA DOLOROSA


Meu pai voltou a trabalhar com caminhão deixando de lado o táxi.  Agora, ele já não nos visitava com tanta freqüência.  Certo dia, a mamãe e eu vínhamos subindo a rua lateral da Laminadora Wagner, no Bairro de Olarias, em Ponta Grossa – PR, sentido bairro-cidade.  A mamãe que sempre me fazia muito feliz em todos os momentos, vinha brincando comigo, fazendo-me pular por sobre as poças, formadas pelas pesadas toras de madeira que eram depositadas ali até que pudessem ser utilizadas pela Laminadora, quando parou um caminhão ao nosso lado.  A mamãe não deu atenção, pois era seu costume não dar atenção a alguém que ela não conhecesse.  O motorista, por sua vez, saltou da boléia de seu caminhão e a chamou, foi aí então que reconhecendo a voz ela atendeu: era o meu pai.  Ele queria dar uma noticia maravilhosa.
Em suas viagens, ele tinha muito tempo para pensar e um certo dia estava lembrando de sua amada, Elza...como ela era, sua vida, seu exemplo de mulher Cristã, que apesar de tudo que havia acontecido entre eles, continuava honesta e pura em seu caráter.  E como era carinhosa com a sua filha!  Como era valente e guerreira...! Tendo estes pensamentos, percebeu que estava passando em frente a uma igreja evangélica na qual se realizava um culto. Aí tomou uma importante decisão; entrou e recebeu Jesus como seu salvador pessoal. Ele deu esta noticia, com muita alegria, para ela.  Depois, então, começou a freqüentar a Igreja Presbiteriana do Brasil de Vila Oficinas em Ponta Grossa – PR.

O papai sempre que podia ia nos visitar e dava-me muito carinho.  Depois se tornou escassa a sua visita a ponto de não aparecer mais.   Ele ficou muito doente.  Muitas vezes esperava pela mamãe, na saída do serviço dela.  Certo dia, ao sair do trabalho, ela começou a ouvir: “Psiu! Psiu! Psiu!  Como não era seu costume atender este tipo de ‘chamado’, não deu atenção e continuou seu caminho rumo a nossa casa, até que a pessoa que procurava a sua atenção resolveu brincar com ela dizendo:  ‘Orgulhosa!’  Foi aí que reconhecendo a vós, ela deu atenção e então olhou.   Quase caiu de susto, ao ver diante dela o  seu amado, embora esboçando um sorriso lindo e a dirigir-lhe seus gracejos bem-vindos, tão magro e tão pálido...Muito abalada com tal visão e situação, desejava ardentemente poder ajudá-lo. Ele precisava de repouso, mas não podia...necessitava trabalhar pois tinha 5 filhos e uma esposa para sustentar. Nesta conta a mamãe e eu não estávamos incluídas.  Ela nunca aceitou que ele lhe desse qualquer ajuda.  Mediante a expressão aflita da mamãe, com sua preocupação pela saúde dele, o papai demonstrou a sua tristeza em partir deste mundo sem poder deixar algum amparo para nós.   Não, não era isto que a mamãe queria. Ela desejava ardentemente que ele se tratasse e sarasse.  Bens materiais, na supririam a sua falta.
Não sei dizer se eles se encontraram outras vezes, até que um dia ele desapareceu de vez....sem deixar noticias.  Aonde ele estava?  O que havia acontecido?  Por que não dava noticias? Passaram-se 6 meses ou mais sem que ela tivesse noticia dele.  Já estávamos em julho de 1954, eu estava, agora, com 4 anos e meio e sentia muito a sua falta. Aí ela resolveu ir atrás de noticias. Ela precisava saber de seu amado... então procurou a casa da irmã dele, a tia Leoni.  Para nossa tristeza veio a fatídica noticia:  
Fazia um mês que ele havia falecido.....
  
NOTICIA TRISTE

 Lembro-me daquele dia... ainda morávamos na meia-água, na casa da vó Catarina. A mamãe chegou da rua, muito triste, com a alma a sangrar, e veio para me dar a fatídica noticia....  As lembranças dessa época passam como um filme obscuro em minha mente, mas ainda me lembro.  Creio que a mamãe tomou todo o cuidado para me contar que o meu pai havia falecido.  Não lembro as palavras todas, e nem lembro o que aconteceu depois, mas me recordo a reação que tive ao ouvir de minha mãe ‘o papai morreu’, eu  comecei a chorar muito, encostei meus bracinhos na parede e com a cabeça apoiada neles, chorei ali, a minha primeira desventura.
Embora o papai não vivesse conosco, sua presença era especial e era vital.  Seu carinho e interesse por mim como sua filha e pela minha mãe a quem ele amava, dava-nos força  e um sentimento que não lutávamos sozinhas.  Agora restáva-nos a saudade... Ele era tão bonito e tão jovem...apenas 28 anos de idade.  Como ele fez falta...!  A mamãe estava profundamente triste e então adoeceu..... Acamada sentia sua vida se esvair.... 

4 comentários:

  1. OLA QUERIDA LLAIDE LANGE FLEURY! ME LLAMO WILLIAM ALBERTO LANGE. SOU NETO DE SEU PAI OLAIDES LANGE. MEU PAI SE CHAMA WILSON LUIS LANGE O QUAL TEMO Q HAJA MORTO ESTE ANO, AINDA QUE NAO TENHO MUITA CETEZA DESTA NOTICIA. TENHO QUE DIZER Q FIQUEI EMOCIONADO COM SUAS PALAVRAS E TENHO Q AGRADECER POR ESTA HOMENAGEM AO NOSSO SANGUE NOSSO NOME FAMILIA LANGE!
    ESPERO CONHECER-TE MELHOR A FINAL SOMOS FAMILIA AINDA Q DISTANTE.
    ESTE ,E MEU EMAIL...
    WILLIAM_A_LANGE@HOTMAIL.COM

    UM ABRAÇO Q DEUS TE ABENÇOE DE MANEIRA PROFUNDA TODOS OS DIAS DE TUA VIDA!

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    1. William, após alguns meses desde este momento que você me escreveu, Deus me deu a graça de poder ter você a meu lado, e isto é uma benção tremenda. Sei que será por um tempo, pois terás que seguir a ordem do Mestre, mas de meu coração nunca saírás, poderás viajar ir e vir, aqui no meu peito sempre estarás presente. Te amo muito meu sobrinho querido e obrigada por ter me encontrado.
      Deus te abençoe meu filho e te proteja por todos os dias de tua vida....
      Com carinho desta tua tia que ama muito!!!
      Ilaíde Lange Fleury

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  2. Caríssima Llaide.
    Que a Paz do Senhor Jesus esteja sempre contigo.
    Meu nome: Cicero Lange Araujo. Moro em Recife Pe.
    Filho de Leoni Lange Araujo. Mora em Ponta Grossa Pr. no mesmo endereço da sua descrição. Hoje em fase terminal, devido a vários problemas de saúde e com 84 anos.
    Que maravilha voce fez, digno de honra.
    Li e fiquei muito feliz e ao mesmo tempo emocionado com a leitura, a nossa história de vida.
    Quando vovê morreu em nossa casa, em Ponta Grossa. éramos meninos, mas já entendíamos da vida, pois amadurecemos muito jovens, devido as circunstâncias que passamos. Foi sofrido e ao mesmo tempo muito feliz, pois não existia violencias como hoje.
    Feliz por lembrar de você quando chegava em nossa casa para visitas, com a Paz que voce trazia para nos e pela alegria que voce deixava ao sair.
    Meu email: ciceroar@hotmail.com
    Um grande abraço e que Deus a satisfaça e proteja em todos os desejos do seu coração.
    Meus filhos:
    Cinara Antunes Araujo.
    Marcelo Antunes Araujo.
    Rebeka Julia Araujo.
    Renato e Ricardo.
    Os ultimos tres do segundo casamento.
    Um grande beijo.
    Deste teu amigo que te ama.
    Cicero.


    Fiquei saudoso dos nossos tempos de juventude.

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    1. Ola meu primo Cícero, tenho saudades de você, fazem tantos anos que não nos vemos.... Te enviei e-mail em resposta e este comentário, você recebeu? Estive visitando a Tia Leony ha pouco tempo. Soube que você passou por problemas de saude, espero que tenha se recuperado.
      Abraços desta tua prima que muito te estima.
      Ilaíde

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