M.Mãe - M.Tes. - CAP. III - NOS DESÍGNOS DE DEUS

NA CAPITAL PAULISTA

Voltando para casa de seus pais, recomeçaram as implicâncias. Embora não houvesse conseguido estudar, se profissionalizar, cursar a Escola Normal, como suas irmãs e irmão mais velho, pois seus pais não tinham condições financeiras para pagar os seus estudos, a mamãe mostrava-se muito inteligente. Esforçava-se para aprender tudo que estivesse ao seu alcance. Aprendeu a tocar órgão com a tia Amazilia (irmã da mãe-Liza), aprendeu tocar bandolim, sozinha. Desenhava com perfeição para as coleguinhas de suas irmãs e até para elas mesmas, para as suas tarefas escolares. Contudo continuava a ser a “pata choca”, a “tonga”, a “tonta”, etc... era alvo de chacotas, beliscões ... até que seu sofrimento tocou no coração de sua mãe que a aconselhou que fosse para Capital, para casa de sua avó, a mãe da Mãe-Liza, a qual tinha uma pensão, localizada próxima a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Então a jovem Elza mais uma vez se vê longe da casa de seus pais que ela tanto amava, foi embora para casa da vovó, em São Paulo, mudando por completo a sua vida. Consegui trabalho em uma fábrica e conseguiu assim o seu sustento. Nesta ocasião, a tia Vasni, sua irmã, já estava morando em São Paulo e aqui as duas tornaram-se bastante companheiras.

                DESTINO SELADO

         Sinto neste momento, tristeza por não ter dado mais atenção aos detalhes, como época, endereços, nomes, etc... No entanto quero deixar marcado o essencial. Por causa disso não sei lhes dizer como foi o 1º encontro com o que vou narrar a seguir, sei, porém, que selou o destino de minha mãe e por conseqüência, o meu também. Calma! Não foi nenhum namorado; foi algo maior e muito sublime. 
A mamãe encontrou uma nova e diferente Igreja, um povo alegre, cantador, que saía pelas ruas marchando sem se envergonhar, tocando, testemunhando, louvando a Deus com aleluias, glórias e carregando uma bandeira que flutuava exibindo toda a sua exuberância e alegria das suas cores: azul, vermelho e amarelo. Esse povo usava um uniforme, azul-marinho com 2 “S” na gola (um de cada lado). Que alegria contagiante! Também havia outro detalhe; as mulheres usavam um chapéu diferente com uma fita vermelha e um laço na lateral. Tudo muito bonito! Havia outro detalhe muito importante; as mulheres também pregavam a Palavra de Deus!... Maravilha!!!

   Encontrou o endereço e começou ir aos cultos dessa nova Igreja agora sim – ela encontrou o seu caminho. Essa Igreja de nome tão diferente “Exército de Salvação”, era diferente de tudo que ela conhecia. Os cultos eram chamados de Reunião e havia: Reunião de Companhias (Escola Dominical), Reunião de Santidade (culto específico para convertidos), Reunião de Salvação (culto para todas as pessoas, especialmente não convertidos), Reunião Doutrinária (ou melhor, Reunião de Soldados para os membros) etc...Soldados!? Como assim?

  

     O EXÉRCITO DE SALVAÇÃO

Fundado em 1865 a leste de Londres – Inglaterra, como Missão Cristã e em 1878 passou a chamar “Exército de Salvação”,por William Booth, pastor metodista, busca alcançar a todas as pessoas sem distinção de raça ou posição social para trazê-las aos pés de Cristo e oferecer-lhes a oportunidade de salvação, a salvação de sua alma. Pertence ao ramo Evangélico, sendo uma das primeiras Igrejas Pentecostais, muito viva, que sabia louvar e glorificar ao Senhor com “glórias e aleluias” expressando o gozo da alma. Hoje temos outras Igrejas irmãs fundadas a poucos anos que também são Pentecostais, e que em sua grande maioria foram fundadas por irmãos convertidos no Exército de Salvação ou mesmo até filhos de oficiais salvacionistas. Graças a Deus porque os frutos se multiplicam! Como já me referi acima, seu inicio deu-se em Londres – Inglaterra, quando Booth e sua esposa, Catherine Monford Booth deixando o púlpito confortável da Igreja foram as ruas coalhadas de pessoas alcoolizadas e pobres, para oferecer-lhes uma vida digna , junto com o Senhor Jesus. Sem pretender abrir uma nova igreja, só com a finalidade de pregar o Evangelho aqueles que eram excluídos dos serviços religiosos das congregações eclesiásticas (só porque eram pobres  e sem os cuidados higiênicos necessários), com o grande amor de Deus em seus corações por aquelas almas perdidas e sem esperança. Seus convertidos ficavam ao seu redor o que fez com que William tivesse que pastoreá-los.  Nos alicerces da Palavra de Deus nasceu o nosso querido  Exército de Salvação, que marcha firme  há mais de cem anos.

Sendo ‘exército’, então os seus membros  são ‘soldados’. Todos, desde o mais novo Jovem Soldado até ao General, que é o grau mais alto dentro das fileiras salvacionistas, são soldados servindo ao Senhor Jesus, no Exército de Salvação.

Quando alguém aceita a Jesus como seu único e verdadeiro Senhor, busca o perdão para os seus pecados, muda de vida transformando-se por  completo, passa a freqüentar as fileiras salvacionistas, as atividades como: cultos (Reuniões), e se for o seu desejo tornar-se  um ‘soldado’, então será aceito com ‘recruta’, período em que recebe as aulas doutrinárias e então após alguns meses e a conclusão do curso, assina um compromisso  que é chamado de ‘Artigos de Guerra’ aonde ele faz a promessa de fidelidade, e então é alistado sob a bandeira tricolor do Exército de Salvação. Recebe o seu primeiro par de ‘SS’ que será colocado em suas dragonas e conforme a sua aptidão, poderá receber maiores responsabilidades dentro da Igreja, fazendo parte dos ‘oficiais locais’, com o grau de ‘sargento’ com responsabilidades exclusivas.  Sargento equivale aos diáconos e presbíteros  em outras Igrejas irmãs. Os ‘SS’, um de cada lado, significam “Salvo para servir” ou “Salvo para salvar”.  Salvo por Jesus de todos os seus pecados e do mundo para servir com amor a Jesus e ao próximo, e para salvar outros que ainda estão no mundo de perdição vivendo em pecado, sendo um instrumento nas mãos de Jesus.  Cada novo convertido, é chamado para uma guerra contra todo o mal, não apenas para ser mais um membro no rol de membresia de algum ‘Corpo’ (Igreja) do Exército de Salvação.

Philip Needham, em seu livro “COMUNIDADE EM MISSÃO 
Uma Ecliologia Salvacionista”, (cap.4 pag.85)diz:

“Segundo a descrição de membro como soldado – significa que não há espaço para membros passivos.

Nesse sentido, a palavra “soldado” é melhor do que “ membro”. Os membros podem ser passivos ou ativos; podem não fazer nada  além de pertencer aos róis. Os soldados não podem apenas pertencer; ou estão lutando ou mantendo-se em prontidão para batalha.”

Se olharmos para as cartas de Paulo, encontramos esta analogia: “Sofre pois comigo, as aflições como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida,...”(2 Timóteo 2:3 e 4) e para os crentes da Igreja de Éfeso, ele descreve um soldado preparado para a guerra – veja lá em Efésios 6:11 a 17 É nosso dever guerrear contra o mal. Entrar em luta contra as hostes malignas e libertar, em nome de Jesus, os cativos que sofrem sob o jugo satânico. Para isso o Senhor nos comissionou: ”Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura...”(Marcos 16:15)

E o Fundador do Exército de Salvação, William Booth, disse:

‘Ide as almas, ide as piores.’  Esta é a principal missão do Exército de Salvação.