quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

M.Mãe - M.Tes. - CAP.II - A Família - Marcado para Morrer

ESSA PASSOU RASPANDO


Vamos conhecer algumas histórias que a mamãe me contou e que envolveu de maneira tão incrível toda a família.
O vovô desde cedo, participava ativamente da política santa-cruzense que era muito forte. Era costume dos adversários encomendar muitas mortes. Eles faziam tocaias a espera dos seus desafetos e aí eles se vingavam ou simplesmente assassinavam.
Em Santa Cruz do Rio Pardo - SP, não era diferente. Duas frentes políticas lutavam pelo poder. Havia um líder chamado “Tonico Lista” (apelido) o qual era adversário político do partido do vovô. Os seus corregionários eram famosos por se livrar dos seus opositores. Não era raro haver tiroteios na praça central, o famoso Jardim, hoje chamado de Praça Deputado Leônidas Camarinha. Antigamente, o Jardim era cercado por uma mureta que perdurou por muitos anos. Imaginem só, eu conheci essa mureta! O Jardim é ainda um lugar muito bonito, arborizado, com o coreto antigo, no centro e é, até hoje, palco de muitos eventos, em especial, os eventos políticos. Como me referi, também era o lugar em que havia muitos tiroteios e mortes eram registradas. Certo dia tombaram, baleados, dois homens e no mesmo dia o vovô ficou no trajeto de dois projeteis. O 1º levou o seu chapéu e o 2º atingiu seu peito... Calma! Eu não disse que penetrou seu peito, apenas eu disse que atingiu, mas não penetrou. Então o que aconteceu? O vovô Joanico nunca saiu a rua sem paletó e colete. Suas calças eram seguradas pelos suspensórios. Sempre elegante! À bala que me referi acima, atravessou o paletó, o colete e quando atingiu a camisa, ela parou, Graças a Deus! Que susto! Mas ainda não acabou. A questão agora era: Quem havia assassinado aqueles homens no Jardim? Nunca se soube ao certo, contudo o vovô respondeu por essas mortes! Foi julgado e condenado... Como? Se ele nem revolver empunhava? Mas, quem poderia provar? Então, em que se basearam para tal acusação? O chapéu que sumiu da cabeça do vovô em meio ao tiroteio, estava marcado o nome dele, este foi o ponto em que se apoiaram para condená-lo! Não pense que naquele tempo alguém iria defendê-lo, não foi assim. Levou 2 anos de cadeia até que se provou que ele era inocente.
Por volta de 1961, mamãe e eu, conhecemos um senhor muito gordo, em Ponta Grossa – Paraná, que ao saber quem éramos referiu-se a esse tiroteio dizendo que havia participado e que atingira 2 homens, fugindo em seguida.



MARCADO PARA MORRER

               
Embora o vovô nunca tivesse se dedicado a algum cargo político, era muito visado pelos seus adversários. Trabalhava pelo partido sem medo algum, e por ele – o partido – se dedicava. Por causa disso, os seus adversários ficavam extremamente incomodados. O que fazemos quando temos uma pedrinha no sapato e a nos incomodar? Continuamos com ela ou sem nos importarmos com os outros, se estão olhando ou não, tiramos o sapato e a lançamos fora? Bom, com o vovô também, quase aconteceu isso.
O líder do partido oposto ordenou e encomendou a morte de 3 homens, pessoas honestas e de influencia: o Doutor Abelardo (médico), um rapaz de apelido Rato (não sei o nome dele) e o meu avô. O executor de tal ordem era um homem chamado Cristalino. Esse senhor saiu então em busca de sua 1ª vítima, o meu avô. Foi até a nossa casa e lá, ele insultava as crianças para haver irritação e motivo aparente de briga com o desfecho almejado. Graças a Deus que o vovô não estava em casa. Isto ocorreu por 2 vezes. O vovô estava no centro da cidade quando um amigo seu o avisou:
─ Joanico, preciso te avisar. Hoje já é a 2ª vez que o Cristalino está indo a tua casa, a tua procura. Ele está incumbido de te matar...
Aí o vovô pensou logo no perigo que a família estava correndo e voltou imediatamente para casa. Porém os desígnios de Deus ninguém pode mudar. Quando confiamos em Deus, Ele nos esconde sob a sua proteção. Ele não permite que o inimigo nos toque. Assim aconteceu com o vovô. Deus o guardou não permitindo que o inimigo, sequer chegasse perto, quanto mais que lhe tocasse. O vovô veio rapidamente para enfrentar o seu carrasco, porém quando chegou em casa, o Cristalino havia acabado de sair.
Eles se cruzaram na rua, que talvez não era tão movimentada, contudo não se viram. O vovô veio por um lado da rua e o Cristalino foi pelo outro. Deus tapou os olhos de ambos para que o mau não se concretizasse. Contudo, o Cristalino saiu em busca de sua próxima vítima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário