sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

FORÇA DE VONTADE


Em casa, eu carregava a mamãe para o quarto a noite, e pela manhã levava-a para a sala e a deitava no sofá, também a colocava numa cadeira, porém amarrada com um lençol para que não caísse.  Quando íamos ao Hospital para fazer a fisioterapia, ainda tinha que amarrá-la, segurando fortemente o lençol no banco traseiro, para que ela não caísse e viesse a se ferir durante o trajeto de casa ao Hospital.
Não demorou muito para que ela reclamasse dessa situação. Naquela manhã, ao amarrá-la na cadeira, ela disse:
─ Não me amarre, filha.  Por favor... não me amarre...
─ Mamãe, eu preciso fazer isso para que a senhora não venha a cair.  Respondi.
─ Eu não vou cair.  Disse ela.
─ Ah! Mamãe...eu tenho medo que a senhora caia.
─ Eu não vou cair, filha.  Não me amarre... Respondeu com segurança.
─ Então, mamãe, vamos fazer uma coisa. Não irei amarrá-la.  Porém se a senhora cair, terei de amarrá-la de novo. Combinado?  Propuz.
Ela concordou e então fiz o que prometi e ela não caiu ! Logo depois o tio Julinho, veio buscar-nos para levar ao hospital, a fim de fazer a fisioterapia. Levei a mamãe até o carro, a coloquei sentada no banco da frente ao lado do Tio Julio, e fui sentar atrás como eu fazia sempre. Coloquei as mãos sobre o ombro dela para ajudá-la a se equilibrar mas não amarrei. O tio Julio estranhou e logo perguntou preocupado e desconfiado, se eu não ia amarrá-la.  Logo depois ele pode testificar a grande vitória de minha mãe, o resultado de sua grande força de vontade que estava a demonstrar.


APRENDENDO A CONTAR


A mamãe perdeu os movimentos do lado esquerdo e sua mão parecia que iria ficar enrolada.   Isto não!!! Eu não aceitei e propuz no meu coração que ela haveria de readquirir os movimentos da mão esquerda.  Lembrava-me de casos do passado que eu via as pessoas com as mãos enroladas e doentes, e eu não aceitava isso.  Mas o que eu deveria fazer então?  Mais uma vez o meu Senhor e Mestre me ajudou e orientou.  E coloquei em pratica o que pensei.  Tomei em minhas mãos a sua mãozinha doente,levantei o seu dedo indicador, com certa dificuldade pois parecia travado e disse:
─ Veja mamãe, ‘UM’...está vendo querida? Olha: ‘UM’... Agora faça para mim: ‘UM’!
Levou um pouco de tempo e necessitei fazer todo o processo de novo. Insisti, mostrando a ela o seu dedo indicador levantado e ela com grande dificuldade conseguiu levantar o seu dedo e mostrar  ‘UM’.
No dia seguinte levantei disposta a fazê-la levantar dois dedos fazendo o ‘DOIS’, assim  pensando, primeiramente constatei que ela lembrava-se como fazia o ‘UM’ e então lhe disse:
Mãezinha, agora vamos fazer o ‘DOIS’. Veja querida,’DOIS’, veja querida ‘DOIS’, falei levantando os dois dedos (indicador e pai-de-todos) de sua mão esquerda.  E tentei fazer com que ela notasse e memorizasse:
─ Viu mamãe? Olha ‘DOIS’,... ‘DOIS’ ...agora querida faça para mim: ‘DOIS’...
Agora era mais difícil, mas ela estava se esforçando, e como se esforçava...!!! Quando de repente ela soltou todos os dedos, como se estivessem escapando de uma prisão, abrindo completamente a sua mão esquerda. 
Que alegria! Que vitória!
Louvado seja Deus!

NOITE E DIA SEM PARAR


Por algum tempo, nossa vida  foi agitada. Eu não conseguia descansar direito ou dormir sem precisar me preocupar, pois não podia sair de perto de minha mãe.  Durante o dia ela ficava me chamando, corria perigo de cair do sofá onde passava o dia, pois ficava agitada. Eu não conseguia cozinhar limpar a casa, ou lavar as roupas.   A tia Jacira me socorria no que podia, houve pessoas amigas que, entendendo nossa situação, procuravam nos ajudar no que podiam.  Durante a noite ela debatia-se muito com dores nas pernas e nos pés, formigamentos, e mal-estar.  Então buscava a minha ajuda... Vendo a nossa dificuldade, a minha prima Mariângela, veio me ajudar uma tarde e então eu pude descansar um pouco, porém ela não podia fazer muito, pois tinha a sua família, com dois filhos pequenos para cuidar. Mas o que fez, me ajudou muito e agradeço a Deus.
 As vezes pensamos que não vale a pena darmos o mínimo de ajuda para alguém que precisa muito, e nos enganamos porque, se o fazemos de coração é muito importante.  Deixo aqui desde já, o meu agradecimento a todos os que nos ajudaram quer sejam meus familiares, quer sejam os meus amigos.  Benditos sejam todos e que o Senhor os recompense.
Em todo tempo ama o amigo e na angustia nasce o irmão.”(Provérbios 17: 17) É bom lembrar aqui que eu nunca estive sozinha. Noite e dia sem parar, sem descansar, estava comigo o Senhor Jesus, pois Ele é o maior e melhor amigo.  Pude ver através de cada pessoa, quer fosse de minha família ou não, a mão do Senhor me ajudando.
É bom dizer aqui que o Senhor quer ser seu amigo também, e se você, amigo leitor, diz ser amigo do Senhor Jesus, lembre-se: “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Antes tenho vos chamado amigo, pois tudo o que ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15:14 e 15).
Foi Jesus mesmo que proferiu estas palavras!


DIFICULDADES DIVERSAS
      

 A mamãe recuperava-se lentamente, a cada dia que passava. Com fisioterapia que fazia desde que deixou o hospital, ela estava reaprendendo movimentos muito importantes como: andar, equilibrar-se, alimentar-se, etc... Contudo era tudo muito difícil para ela e a vigilância por minha parte deveria ser constante. Sem salário, eu não podia completar o nosso orçamento. Não podia sair pra trabalhar, e o que a mamãe recebia era insuficiente para nos manter, pagar o aluguel, luz, água, remédios, etc... As dificuldades eram grandes. A igreja Presbiteriana Independente nos ajudava no que podia; meus tios também faziam o que era possível. O chefe nacional do Exercito de Salvação, conhecendo a necessidade que passávamos enviou dois oficiais salvacionistas até lá para nos fazer uma visita e trazer uma proposta.


         OFERTA SALVADORA

Eu estava olhando para a rua, pela janela de nossa sala quando de repente surpresa que em um carro que passava pareceu-me que seus ocupantes usavam uniforme que me era tão conhecido, tão singular. Corri para o portão, enquanto o carro fazia a manobra, logo adiante, para retornar e estacionar em nosso portão. Eu não havia me enganado. Este carro trazia a tenente coronel Ruth Wakai e o então major Ernest Hofer. Que alegria! Era para mim um colírio para os olhos, ver diante de mim estas duas pessoas tão amigas e tão queridas por nós. Você já pensou como isso é prazeroso? A gente está em dificuldades, saudosa, e quando menos espera nos vem visitar pessoas que amamos tanto. Eles me trouxeram uma oferta irresistível: voltar ao oficialato, levando comigo a mamãe e trabalhar em Campos do Jordão auxiliando os administradores e cuidando da mamãe.


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