“ANOS DE SEPARAÇÃO”

Trabalhei em Lisboa e na cidade do Porto. Durante dois anos, não deixamos de nos corresponder. Como fazíamos anteriormente carta vinha , carta ia, a cada semana. Eu contava-lhe tudo que acontecia e pedia os seus conselhos. Enviava-lhe muitas fotos para mostrar as belezas de Portugal e do nosso trabalho. Ela então me respondia com o seu parecer e consideração, também os seus preciosos conselhos que eu acolhia como pérolas. Durante esse tempo o Exercito de Salvação no Brasil, ofertou uma ajuda –financeira mensal para ela o que aliviou a nossa preocupação pois assim ela podia pagar o aluguel e sobreviver com a pequena aposentadoria. Dois anos após eu pude retornar em férias missionárias para o Brasil e novamente pude estar junto de minha mãe.

Nesse tempo perdemos pessoas de nossa família o que nós sentimos muito. – Em novembro de 1988, dia 22, o til Alcides Borges; Em fevereiro de 1989 , a tia Téte, (Tereza), irmã caçula do meu pai, quem a mamãe tinha muito estima, e para nós foi uma grande perda.

Para mim que fui a um novo lugar aonde tudo era novo - lugares, pessoas, era mas fácil – a saudade era  grande, eu conseguia superar fazendo o meu trabalho entre o povo daquele país irmão, pregando a palavra de Deus, levando o conhecimento de Jesus Cristo, nosso Salvador, para que os nossos irmão pudessem ter esta oportunidade tão bela, de abraçá-Lo. Também conhecendo lugares magníficos naquela Terra. Tudo ajudava a superar a saudade , e quando podia telefonava para a mamãe, o som tão meigo e amável de sua voz, e as suas palavras, acalentavam o meu coração. Creio, porém, que para ela era mais difícil, pois ficara sozinha.

Agora iríamos passar algum tempo juntas, matando a saudade.

     TEMPO DE FÉRIAS NO BRASIL

Em abril de 1989 voltei ao Brasil e estive ao lado da minha mãe, recebendo seus carinhos e compartilhando com ela a minha experiência de além-mar, por 2 meses.

PASSEIO EM 1 DE MAIO DE 1989, JUNTO COM A IPI
(IGREJA PRESBITERIANA DE SANTA CRUZ DO RIO PARDO - SP)

PRESSENTIMENTO

Certa tarde a mamãe resolveu ir descansar um pouco, como usava fazer com freqüência. Também fui deitar ao seu lado. Em dado momento, olhei para ela, ali deitada dormindo e vi uma névoa preta envolvendo todo o seu corpo, como um véu que a cobria, estremeci! Perdi a vontade de descansar e comecei a implorar a Deus por sua vida, pedindo que não a tirasse. Aquele sentimento terrível, não mais me deixou.

CUIDADOS PRECIOSOS

No final de junho, retornei a Portugal, um tanto preocupada com a mamãe. Também havia notado que ela estava bastante esquecida. Como ela morava sozinha, preocupava-me com a sua segurança. Com tudo nos tínhamos um Senhor fiel! Ele jamais a abandonou. Meus tios , os seus irmãos, olhavam por ela. O tio Julinho com a tia Jacira conseguiu alugar uma casa próxima a sua, no mesmo quarteirão. Umas 4 ou 5 casas abaixo. Toda hora alguém corria ver como ela estava. O tio Ittai e a tia Julia também olhavam por ela e se ela demorasse a aparecer a tia Julia logo alertava:

-ô Ittai, vai lá ver a Elza, o que esta acontecendo que ela não veio, ainda

Isso me tranqüilizava mais. Também os nossos queridos irmãos na fé, o pastor  Melquisedeque Brondi  da Igreja Presbiteriana Independente de Santa Cruz, os jovens, etc... estavam sempre velando por ela.

Deus é maravilhoso e nunca nos faltou! Também o Exercito de Salvação socorreu a mamãe enviando uma pensão mensal, no valor de um salário mínimo o que muito a ajudou com o seu aluguel.

Prezados amigos na Palavra de Deus encontramos promessas maravilhosas mas que só serão cumpridas em nossa vida se tivermos fé. Diz:  “mas o justo vivera pela fé”(Hab.4:2)  “Ora a fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. Foi por ela que os antigos alcançaram bom testemunho”. “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus, creia que ele existe, e que se torna galardoador dos que o buscam” (Heb 11:6). Diz ainda : “Não te deixarei nem te desampararei.” Então nos podemos declarar com toda a força do nosso coração “ O Senhor é o meu auxilio; não temerei (Heb.15:6).

CHAVE PERDIDA

A mamãe provava a cada dia, o cuidado divino em sua vida. Como já escrevi antes, todos olhavam por ela. Na IPI, mocidade tinha um carinho especial com ela e sempre a levavam para participar em seus passeios e programações especial e claro o carinho era recíproco. Ela não falhava um culto na igreja, não falhava aos ensaios do coral, pois se sentia muito feliz cantando com os irmãos. Se a igreja fosse fazer alguma escursão podia saber que a mamãe era incluída e divertia-se com todos.

Certo dia, chovia muito e a mamãe voltou para casa após o culto da noite e quando chegou, foi pegar a chave para abrir a porta, não a encontrou... procurou, procurou e procurou e tornou a procurar. Nada!

Estava escuro, e ela na chuva, com sono, com fome... E agora? Que fazer? Nesse momento ela abril a mão vazia com a palma para cima, olhou para o céu e disse:

─E agora, Senhor? Como vou fazer para entrar em casa? Não encontro minha chave...!

Nesse momento a chave caiu em sua mão!!! Glória a Deus que não a desamparou! Não, meus amigos ela não estava com a chave. Fôra Deus que a devolveu!