sábado, 28 de janeiro de 2012

CAPITULO XIV LUTANDO PELA VIDA

CAPITULO XIV
LUTANDO PELA VIDA


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        INFELIZ ACERTO

O lugar que eu sabia que poderíamos nos hospedar era na casa da irmã mais nova da mamãe, a tia Ondina. O meu primo, filho adotivo e único da ti, era paraplégico desde os 17 anos de idade por causa de um acidente que sofreu ao nadar no Rio Pardo. Ele era um tanto implicante e isto poderia vir a ser um problema. A tia Ondina também, muito explosiva, não demorava a “estourar”, pois para ela, a minha mãe era “uma tonta”. Pensando em tudo isso busquei logo por uma casa para alugar, que estivesse dentro do que nós poderíamos pagar. Antes, porém veio o que eu temia... Um novo AVC. Eram por volta das 5 horas 30 minutos do dia 11 de dezembro- apenas 4 dias depois de nossa chegada- mamãe começou a falar desordenadamente, o que me fez acordar, e já buscar socorro... Não conseguia medir sua pressão, pois estava muito agitada. Logo veio a tia Ondina ver o que havia e disse:
─ ô Ilaíde, faça a Elza ficar quieta que isso é fingimento...
─Não tia ela esta sofrendo novo derrame...
Respondi já procurando como poderia levá-la ao PS. Eles tinham em sua garagem, uma Variant-branca ano 1970, e sabia que eu poderia dirigi-la, porem não me ofereceram as chaves para que eu pudesse socorrer a mamãe. Assim eu tentava em vão encontrar uma condução para nos levar ao hospital, até que por fim conseguimos um táxi. Chegando lá, a mamãe foi medicada e internada.

   “NÃO POSSO FAZER NADA”

No horário de visita voltei ao hospital para ver a mamãe e a encontrei ainda como eu havia deixado, apenas que estava no seu braço conectado um frasco de soro e eu observei que o mesmo não descia. Então falei com a enfermeira ao que ela me respondeu que não havia conseguido “pegar” a veia e esqueceu-se de tirar a agulha do braço da paciente. E, dizendo isso retirou a agulha, levando embora o soro sem tentar pulsionar nova veia para que se pudesse ministrar o medicamento prescrito. Já eram 13 horas e a mamãe permanecia sem medicação e sem alimentação e amarrada na cama. Quando foi por volta das 16 horas recebemos em casa, um chamado do hospital. Corri para ver o que era. O médico dera alta- hospitalar porque a paciente estava muito agitada e ele não podia fazer nada...! Então eu falei:
─ Doutor, deixe-me ficar ao lado dela. Ela vai se acalmar...
─Não, não pode. Se a senhora quiser tem que pagar quarto particular.
─ Mas doutor, eu não vou atrapalhar. Ela precisa do tratamento. Só quero ajudar... Ela precisa de ajuda e eu não posso pagar... Insisti:
─ Não, só pagando... Se não, não posso fazer nada.
 Então diante das palavras impiedosas do doutor, arrumei a mamãe e voltamos para casa.


A VIDA QUE FUGIA


Tudo ficou mais difícil. A mamãe agora estava completamente confusa. Gritava por socorro e lá vinha a tia Ondina exigir que eu fizesse ela se calar; na hora de ministrar os remédios e de dar comida, ela cerrava os dentes e não abria a boca , por nada. Assim ela foi se enfraquecendo e sentíamos que a vida dela estava fugindo aos poucos. Mais uma vez era hora de confiar só em Deus.
Como fazer para que pudesse alimentá-la? O meu tio Ittai, irmão dela, mais uma vez me ajudou, lembrando que se eu usasse uma seringa seria mais fácil e não iria ferir seu rosto, pois não precisava força-lá abrir a boca.
Uma semana passou e nós sentíamos que ela ia perdendo as forças e a vida... Novamente o tio Ittai me estendeu a sua mão e juntamente com o meu primo Valter, a levamos para Santa casa de Ourinhos.
 

GREVE NA SANTA CASA


Desta vez a tia Ondina me emprestou o carro para que pudéssemos levar a mamãe para a Santa Casa de Ourinhos não víamos outra saída. Também estava agendada uma consulta com o neurologista da Unicamp, em Campinas e como poderíamos levá-la naquele estado? Ela poderia não agüentar a viagem. Então precisávamos resolver a situação e principalmente a saúde da mamãe era muito preciosa e precisava de socorro urgente.
Quando chegamos lá, para nossa surpresa e ansiedade, encontramos a Santa Casa em greve. Porém não podíamos retornar com a mamãe como estava. Ela já não reagia, estava entrando numa faze de torpor, sem conseguir receber os remédios necessários e nem alimentação. Havia outro problema e barreira a vencer. Eles não atendiam se fosse de outra cidade. O que fazer? O tio Ittai foi lá conversar com a jovem que atendia no balcão. A mamãe, então, foi levada para dentro e ficou aguardando atendimento no corredor; sobre a estreita maca. Em minha aflição eu não suportei esperar muito e resolvi falar com a jovem que atendeu ao tio Ittai. Quando falei que éramos de Santa Cruz e o que havia acontecido, de imediato veio a negação. Não podíamos ser atendidos naquele hospital...! Para trás com a minha querida mãezinha naquele estado, eu não iria voltar, diante de minha insistência ela resolveu falar com o médico de plantão. Eu fui atrás, quando ela começou falar que não éramos de Ourinhos, eu interrompi e implorei ao médico o seu socorro. Expliquei o porquê de estarmos ali e falei:
─ Por favor, doutor; Salve o meu tesouro! Ela é tudo que eu tenho na vida.
Ele prontamente atendeu e socorreu. Após ser fortalecida com 2 litros de soro e outros medicamentos, voltamos para Santa Cruz na esperança de uma melhora.


NOVO DIAGNÓSTICO ESTARRECEDOR


Poucos dias depois, fomos a Unicamp e foi diagnosticado Demência por Enfartos Cerebrais múltiplos.
Levei comigo o exame de tomografia Computadorizada que havíamos feito no ano de 1991 em Taubaté-SP. Diante de tal exame o médico e sua equipe descobriram que o derrame que tínhamos conhecimento não havia sido o primeiro. Antes dele houvera outro e nós não sabíamos, seria aquele mal estar que descrevi que aconteceu em São Vicente, quase vésperas de eu ir para Portugal em 1987? Eu penso que sim.  

CARETAS PERDIDAS

Praticamente uma semana depois de tudo isso, a mamãe novamente precisou de socorro médico. Mais uma vez o nosso vizinho auxiliar-de-enfermagem tentou nos ajudar nos acompanhando até o pronto socorro. O médico de plantão mal se levantou da cadeira, contudo resolveu internar a mamãe para tratamento. A enfermeira de plantão estava fazendo um tremendo esforço para que ele não deixasse a mamãe internada e olhava para mim com expressão rude que dava a entender caretas. A razão que era a mesma jovem que atendeu quando fomos a primeira vez, a qual me referi em sub - tema “ Não posso fazer nada”. Ela se lembrou como a mamãe estava agitada na ocasião, por isso estava muito contrariada com o médico que resolveu internar a mamãe. Antes, contudo ele achava que eu podia cuidar dela em casa com ministração de soro endovenoso e demais medicações, mas como eu poderia fazer isso? Eu não sabia como pulsionar uma veia, como poderia cuidar de um soro endovenoso? O nosso vizinho achava que seria possível, pois ele acreditava poder ajudar, contudo, eu não me fiei em tal promessa e digo que não me enganei. Havia aqui ainda o problema financeiro, eu não tinha condições de pagar ao hospital, novamente veio o alerta: você pode pagar? Assim mesmo ela ficou internada, procurei saber quem seria o médico que cuidaria do meu tesourinho no hospital. Não era costume e creio que nem era permitido, dar o nome do clinico que estaria responsável pelo tratamento de minha mãe, naqueles dias, contudo foi-me dito ser o Doutor Zacura. A tia Ondina ficou animada ao saber qual seria o médico que estaria tratando a mamãe, pois que sua mãe fora vizinha de meus avos e isto me animou a telefonar para ele. Procurei na lista telefônica e com toda coragem telefonei. Expliquei-lhe o que estava acontecendo e embora não o conhecesse, fui muito bem tratada por ele. Quando a mamãe recebeu alta hospitalar, voltou bem melhor; mais calma aceitando a alimentação e os remédios que lhe dávamos.
A enfermeira que fizera as suas caretas, pensava que nos assustava, porém foram inválidas porque nos estávamos nas mãos do Senhor Jesus. Quem cuidava de nós, era o Senhor. Aqueles dias, no inicio de nossa volta a Santa Cruz foram bastante difíceis, mas o Senhor pelejou por nós. “Pelejaram contra ti, mas não prevalecerão, pois eu sou contigo diz o Senhor, para te livrar.” (Jeremias 1:19).” Pois a peleja não é vossa, mas de Deus.”(2 Crônicas 20:15b)
Que Deus maravilhoso que nós temos!
A Ele seja dada toda honra, toda glória e todo louvor para todo sempre!

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