sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

AS VOLTAS COM A SERPENTE


Deus sempre cuidou da mamãe. Como fôra durante  a sua vida, ela confiando em Deus e me ensinou desde de que eu era pequena a confiar nesse Deus maravilhoso que ama e que não abandona aqueles que nele confiam.
Quando eu fui para o colégio de cadetes, a mamãe foi morar em Itanhandú - Minas Gerais a convite de uma antiga conhecida, que lhe ofereceu casa com promessas de trabalho para o Senhor.  Chegando lá as coisas foram diferentes do que ela pensava. Não aceitando trabalhar como doméstica a troco de moradia, a mamãe resolveu se mudar, depois de algum tempo encontrou trabalho de costureira em uma confecção e alugou uma casa para ela. Assim ela morou em lugares diferentes, na cidade de Itanhandú - Minas Gerais. Ora morava sozinha em uma casa pequena, ora morava na casa de alguém em cômodos que lhe eram alugados, ora era porão habitável, ou uma casa de parede-e-meia. Em todos os lugares que ia , era benquista e amada.
Houve uma casa em que ela morou, para ser bem clara, um porão, que ficava próximo a rodovia e para entrar precisava passar por um carreiro entre a vegetação, que era mais um capim misturado com ervas daninhas. Lugar que escondia muitas cobras. Um dia ela estava chegando em casa, distraída, quando sentiu que algo se debatia entre os seus pés. Assustada pulou para traz e viu que havia se envolvido com uma cobra bem grande, que também parecia assustada. Como era de seu principio não destruiu nada, não desejou matar a pobre cobra. Então começou a falar com ela:
─Vá embora! Vá. Em nome de Jesus, vá embora. Eu não vou te fazer mal. Vá embora, em nome de Jesus. 
Depois de algum tempo de “conversas” com esse bicho, e de repetir a ordem “em nome de Jesus”, a serpente foi pelo caminho e lá mais na frente entrou no mato e sumiu para sempre. Mais uma vez o cuidado do Senhor foi real e presente na vida da minha mãe.


DE VOLTA A PORTUGAL


No dia 26 de junho de 1989, retornei a Portugal após dois meses que passamos juntas, nas férias. Recebi nova nomeação para ir trabalhar na cidade do Porto em uma de nossas igrejas. Mais uma vez comecei a me afligir com falta das cartas da mamãe, eu escrevia para ela mas não recebia resposta. Como já escrevi anteriormente nós nos correspondíamos semanalmente. Por minha vez eu enviava fotos, cartões, tudo que pudesse alegrar o coraçãozinho amado da mamãe.


NOTÍCIA TRISTE


Como eu ia dizendo, a falta das cartas estava me inquietando e preocupando. O que estava acontecendo? Porque a mamãe não me escrevia? “meu Deus o que esta acontecendo?” orava eu e pedia ao Senhor para protegê-la. Depois de algum tempo veio a tão esperada cartinha, porém a notícia que trazia não era boa.
A mamãe contou-me que a sua irmã, fora chamada a presença de Deus, nove dias depois da minha viagem, a tia Vasni partira de repente para o além... Li nas entrelinhas  a dor e tristeza de minha mãe. Dos seis irmãos, agora parte para o além a 1° deles. 
Para a mamãe foi muito difícil. 
Sentindo no coração a dor da separação e o sofrimento da mamãe, me preocupei.  Senti que ela estava se sentindo só e como eu desejei estar com ela naquele momento para que ela pudesse deixar sair a sua tristeza e abrir o seu coração, derramar a sua alma. Mas eu estava tão longe... Precisei mais uma vez entregar tudo ao Senhor e implorei o seu socorro para o meu tesouro. Meu desejo era estar ao seu lado afim de conforta – lá e cuidar para que a dor fosse um pouco mais leve, porém eu sabia que o meu Senhor cuidaria dela, Ele já o tinha feito anteriormente e eu sabia que mas uma vez  poderia confiar.


FÉ PROVADA


Mudei-me para a cidade do Porto a fim de cumprir  a “Ordem de Marcha”, ou seja, obedecendo transferência. Dediquei-me ao trabalho,porém sempre correspondendo com a mamãe e quando me era possível telefonando para ela. Nesta época, havia começado um trabalho no Presídio de Coimbra, trabalhando de visitação por que não era permitido fazer cultos, pois era um presídio de segurança máxima. Tínhamos um jovem que havia escrito para o nosso chefe do comando pedindo nossa visita então este trabalho me foi confiado e desde Lisboa eu comecei estas visitas mensais aonde líamos a Bíblia, cantávamos e orávamos.
O jovem tornou-se soldado do Exercito de Salvação e um missionário dentro do presídio, sendo o nosso porta-voz entre os seus companheiros. Então eles me escreviam e eu respondia enviando cartas pastorais a todos que demonstravam desejo de recebê-las. Escrevia a cada um  individualmente. Todos os meses o número de presidiários que desejavam receber as nossas cartas aumentavam.
Naquela semana eu estava para os reclusos de Coimbra, quando me senti perder as forças e a tremer violentamente e o meu coração parecia querer sair pela boca. Quase sem forças, debrucei sobre a maquina de escrever e implorei o socorro de Deus, pois senti que algo estava errado como minha mãe. Sai da sala e fui cair de joelhos em lágrimas implorar o socorro de Deus para minha mamãe. Depois mais calma fui terminar de escrever as 80 cartas.
Naquela noite procurei falar com a mamãe e não conseguia encontrá-la, cheguei a pensar que o tio Julinho estava me escondendo alguma a verdadeira notícia, porem em nova ligação consegui ouvir a doce vez de minha querida mãezinha, e tranqüilizei o meu coração. Perguntei-lhe o que estava acontecendo, ao que me respondeu que não se sentia muito bem e havia ido ao médico com problemas renais.
No dia seguinte senti novamente o mal-estar e novamente orei ao senhor. Na mesma semana tivemos uma viagem por lugares históricos levando conosco os idosos do centro de dia (centro de convivência para idosos) a minha colega capitã Arlete era administradora deste centro de dia e que programou este passeio e eu fui com eles. Visitamos vários lugares no Norte de Portugal e quando voltávamos a capitã. Arlete foi telefonar ao esposo pois estávamos demorando mais do que pensávamos. Ao retornar ela me disse que o Major Parker (chefe de comando) estava me procurando. Nesse momento senti sumir o sangue e gelar o corpo todo e exclamei.
─ Minha mãe! Meu Deus minha mãe.....
Eu sabia que algo estava errado. Não via a hora de chegar na cidade do Porto, de volta e poder falar com o major Parker, logo...como demorava a viagem! Em fim, chegando lá recebi a notícia triste: A mamãe havia sofrido um violento derrame (AVC) e estava muito mal no hospital.


          MOMENTO DE CONFIAR EM DEUS.


Senti que iria perdê-la e eu tão longe... Agora o que fazer? chorei muito. Meus colegas se preocupavam comigo e me apoiaram no que podiam. Com tudo este era o momento de confiar em Deus. Não era o momento de se desesperar. No dia seguinte eu havia marcado a visita no presídio em Coimbra e não queria deixar de fazê-la. A capitã Arlete ficou procurando passagem para que eu pudesse retornar urgente para o Brasil, porem não havia lugar nos vôos. De Portugal partiam dois vôos para o Brasil porem estavam todos lotados ate o dia 11 de outubro e estávamos no dia 28 de setembro. Era muito tempo...Tentei conseguir por Madri-Espanha e também não havia mais lugar, todos os vôos estavam lotados. Na segunda-feira conseguimos contratar um amigo que trabalhava com turismo então, através dele, Deus nos abençoou com uma passagem naquela noite. No dia primeiro de outubro, ás 12,45h eu chegava em Sta. Cruz do Rio Pardo-SP e menos de 10 minutos depois estava junto de minha mãezinha, no hospital. Na rodoviária estavam meus tios: Julinho e Jacira me esperando para me levar em casa e depois ao hospital.

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