segunda-feira, 2 de abril de 2012

DONA GENECI

Houveram outras boas secretárias que eu podia confiar e me deixaram mais descansada.
Tenho boas lembranças de dona Geneci. Uma senhora idosa que eu podia sair para trabalhar sossegada que ela cuidava bem de minha mãe. Ela era bem esforçada e fazia o trabalho com amor. Ela deixou de trabalhar para nós porque sua saúde não permitiu mais.
O tempo foi passando e as lutas eram vencidas com a ajuda do Senhor Jesus.


ASILO? JAMAIS...

Houve uma ocasião que eu não conseguia encontrar ninguém para ficar com a mamãe, então precisava deixá-la sozinha, pois tinha que ir trabalhar. Logo de manhã dava-lhe o leite e os remédios, ao meio dia retornava, fazia o seu almoço,  banhava-lhe e a deixava trocada, sequinha e alimentada. Levava-a para sala, para deixá-la deitada no sofá, ligava a televisão e ia trabalhar, com o meu coração apertado. Após as 17 horas retornava para casa e então podia dar atenção a ela.  Nesse tempo eu havia sido transferida para o setor da Odontologia, trabalhar como auxiliar odontológica.  Havia uma colega de trabalho que não conseguis entender o porque que eu não deixava minha mãe no asilo. Chegou a ficar sem falar direito comigo por causa disso.
Não condeno o pensamento desta colega, pois um grande amigo que eu conhecia desde a minha adolescia, tinha a mesma idéia e diante de minha recusa ele me disse:
─ Será que você não vê que ela atrapalhou a tua vida? Ou por que você acha que você não se casou?
Quanto a isso, se não me casei, ou não quis casar, creio que não vou acusar meu tesouro e não compete a ninguém...
A mamãe nunca atrapalhou minha vida, nem agora tão doente e precisando de meu carinho e cuidados, ela atrapalhava.
Já pensaram meus amigos, se eu nasci justamente para cuidar dela? Seria esta a principal missão de minha vida? Como eu podería falar para outras pessoas: “não abandone sua mãe, cuide dela na velhice e na doença”, se eu não cumprisse a minha obrigação? NÃO, não haveria de abandoná-la, por nada neste mundo, ela era o meu tesouro e haveria de cuidar dela até o fim...Além de tudo, e acima de tudo eu contava com os cuidados e com a ajuda do Senhor Jesus. Ele sempre esteve ao meu lado, a cada momento me ajudou.
Quando eu saia deixava a mamãe ao Seu divino cuidado e eu sabia que Ele a protegia e cuidava.
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará.” “ O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra.”   (Salmo 37:5 e 34:7)


PRECONCEITO – FRUSTRAÇÃO E VITÓRIA


Para me aprimorar e ter mais condições, e acima de tudo, visando um possível retorno ao oficialato, procurei realizar cursos profissionalizantes que poderiam me ajudar a melhor cuidar de minha mãezinha e mais tarde, quando estivesse de volta como Oficial do Exército de Salvação, poderia aplicar meus conhecimentos na Obra.
Realizei dois cursos de cabeleireira e queria alcançar o curso de Auxiliar de Enfermagem.  Outros não consegui fazer pois teria que deixar a mamãe sozinha por mais tempo e não achei que seria correto, e além de tudo, poderia ser perigoso para ela.
O Cursode Auxiliar de Enfermagem tinha a duração de 11 meses.  A coordenadora de nosso curso era uma enfermeira que trabalhava no Posta de Saúde de Santa Cruz do Rio Pardo, e como tantos outros, não olhava com bons olhos a Equipe de Combate ao Dengue, e por tabela, eu estava incluida na sua antipatia.  As aulas eram noturnas e durante esse período, a mamãe ficava sozinha em casa, até quaze as 23 horas, quando eu podería retornar para casa.  Foram 6 meses de aulas teóricas nas quais eu alcancei otimas notas.  Passamos então para a segunda parte que era o estágio na Santa Casa Local.
Após 3 meses e meio de estágio eu fui barrada. Não poderia continuar porque tal enfermeira determinou que eu não tinha dom e não servia para tal profissão.   Eram 4 as nossas professoras.  Vou chamar de “Rosa” a nossa coordenadora, e este nome vai cair bem, pois ela era vermelhinha e sardenta, de “Adriana” a 2ª enfermeira e as outras duas tratarei pelos seus proprios nomes.  A  “Adriana” estava apoiando a “Rosa”, ao passo que as outras, não concordavam.
Depois de lutar muitoe de ter audiencia com as 4 e mais a Secretária de Educação do Municipio, decidiu-se que eu iria continuar.  Porém mais tarde percebi que isto era apenas fachada. 
No último encontro que tivemos com as professoras nequele fatídicos conselhos, a “Rosa” não aguentando e nem tendo mais argumentos para rebater as minhas razões, ela disse:
─ Olha Ilaíde, você tem que ver que você não tem mais idade e a tua cabeça não ajuda mais.
Este pensamento ela comprovou reprovando as mais velhas da classe enquanto que os outros mais jovens que erravam barbaramente e muito mais que nós, concluíram o curso.
Naqueles dias, no inicio da semana da falsa recuperação, eu, com o desejo de melhorar e corrigir meus erros, falei com a “Rosa”:
─ Por favor, “Rosa”, me diga em que que eu estou errando, porque desejo acertar, eu quero corrigir...
─ Você ???!!! Você não serve para enfermeira; você não tem dom; ....etc...etc...etc.... e concluiu:
─ Para não dizer que EU ESTOU TE PERSEGUINDO, amanhã voê virá com a Regina...
Meu Deus!!!  Quanta humilhação!  Quantas Lágrimas!
Tres dias que estagiei com a Regina, foram preciosos, pois com ela eu aprendi  muito mais que os  30 dias que estagiei com a “Rosa”.   Após o final dessa semana estava certa que eu havia conseguido, porém havia me engando...  Nada mais  adiantava pois eu ja estava previamente reprovada, e minha reprovação ja estava selada sem nenhuma chance. 
Na semana seguinte fui estagiar, na pediatria, com a Enfermeira “Adriana” que não aguentou e me expulsou do Hospital......Meu Deus que frustração!
Nessa época eu estava com 47 anos.
O tema que usei para esta faze foi “Preconceito, Frustração e Vitória”, e até aqui contei os dois primeiros, agora vamos falar sobre a Vitória.
Em janeiro de 1999 – abriu um Vestibulinho para um novo curso de Auxiliar de Enfermagem , no Colégio Agrícola de nossa Cidade.  Eu fiz a minha inscrição e prestei os exames.  Resultado: entre os 151 alunos ou concorrentes eu alcancei o 5º lugar.  Ganhei o direito de fazer o Curso de igual para igual com todos aqueles mais jovens.  Houve um pouco de descriminação por parte de alguns colegas mais jovens.   Desta vez a supervisora fora outra Enfermeira, uma das duas que estavam a meu favor no curso frustrado anteriormente, a Patricia.   Infelizmente a Regina não aceitou voltar a dar aulas para nós e digo isto porque ela mesma se referiu demonstrando a sua revolta e repulsa com o que houve no Curso anterior, e só tivemos a perder com isto!
No dia 22 de dezembro de 1999 recebi meu certificado de Auxiliar de Enfermagem.
Deus me deu a vitória!

Nenhum comentário:

Postar um comentário