quarta-feira, 4 de abril de 2012

CAPÍTULO XV - O FIM SE APROXIMA

NOVA CRISE = DERRAME CRUEL


No inicio do ano de 1999, precisamente no dia 1º de janeiro, acordei com a mamãe batendo-se forte contra a parede.  Eu havia chegado da Igreja, após o culto de vigília de ano novo, e cansada dormi aos pés de minha mãe, que eu a havia deixado deitada no sofá, e eu fiquei na poltrona.  A Ruth estava dormindo no quarto. Agora acordo assustada, às três horas da madrugada com ela se debatendo.  Ao medir sua pressão arterial (PA) verifiquei que estava muito alta → 22x14 .  Acordei a Rutinha e pedi a ela que fosse correndo chamar o Resgate para nos ajudar.
Embora não dando muito credito a chamada urgente aquela hora da madrugada, pois pensavam se tratar de um trote por causa da calma da Rutinha ao telefone, vieram de imediato.  A mamãe deu entrada no PS da Santa Casa, convulsionando e com diversos quadros de falência: seu coração, seus rins, etc...todos começaram a apresentar problemas. Logo ela entrou em estado comatoso e por mais que o médico se esforçasse, ela não acordava.  Na época só poderia visitá-la em dia impares, porém eu não suportava isso e sempre dava um jeito de entrar para vê-la. Num dia quando cheguei o Dr. Cid, o médico que estava cuidando dela, ao me ver, foi logo dizendo:
─ Olha Ilaíde, eu não sei mais o que fazer. A sua mãe não acorda!  Ja fiz de tudo e ela não acorda.  Suspendi os medicamentos, mas nada esta adiantando.
Quando cheguei ao lado de sua cama, realmente ela simplesmente dormia e não mostrava nenhuma reação, então resolvi falar com ela.  Cheguei bem juntinho de seu ouvido e falei:
─ Mamãe! Mamãe! Acorde!  Em nome de Jesus, mamãe, acorde...! Eu preciso muito da senhora. Acorde, mamãe!
Depois de orar e cantar baixinho um de seu hinos prediletos, bem pertinho de seu ouvido, beijei-lhe o rosto amado e fui embora.  No dia seguinte quando voltei, no horário de visitas, ela havia acordado.
Durante 13 dias ficou hospitalizada, então ela recebeu alta. Levei-a para casa com o 3º grande derrame aterrador,  com sonda enteral, e sofrendo demais.  Nesses dias a minha irmã Delair veio nos visitar, então me era um grande apoio.
Até este derrame a mamãe não sofria dores, agora ela geme e transpira demais, com febres altíssimas.  O que fazer?  Queria livrá-la de tal sofrimento, mas, meu Deus, o que fazer?
Entrei em contato com o médico que mandou dar algumas gotinhas para ela...
─ Mas que gotinhas Doutor? Perguntei.
─ Diclofenaco, dipirona...respondeu o médico.
Eu sabia que tais gotinhas de nada iriam adiantar, pois eu ja as havia ministrado e de nada serviram.  Mais tarde fiquei sabendo que ele havia dado alta para que ela pudesse morrer em casa.


BUSCANDO SOCORRO


O que eu podería fazer pelo meu tesourinho que sofria dores e febre alta, e eu não tinha como aliviar-lhe o sofrimento!  Busquei o socorro do médico que cuidava dela antes.  O Dr. Mikio sempre foi muito atencioso para com ela.  Sempre que precisei ele estava pronto a me dar as suas orientações, desde que chegamos a Santa Cruz do Rio Pardo. É válido aqui dizer que ele já cuidava dela desde o principio dos derrames, em 1989, antes que eu retornasse ao oficialato, no ano de 1990, levando ela comigo. Quando retornamos a Sta.Cruz em dezembro de 1993, busquei seus cuidados profissionais para a mamãe.
Voltando aquele janeiro de 1999, busquei o socorro do Dr. Mikio.  Consegui falar com ele nesse dia apenas pelo telefone.  Era o dia 20 de janeiro e era feriado municipal pelas comemorações do aniversario de nossa cidade. Ele estava gozando, merecidamente a sua folga, juntamente com sua família em outra cidade.  Assim mesmo ele ajudou. E logo que retornou, naquela noite, veio ver a mamãe. Então começamos um tratamento com antibiótico, o que veio a ajudar a melhorar. 
Desde então constantemente ela precisava tomar os antibióticos pois apresentava constantemente a febre alta e dores.
Agradeço a Deus que me ajudou cuidar dela.
Ela era admirada por todos pois mesmo com tanto tempo acamada, sua expressão era boa. Deus nos ajudou que até mesmo as famosas escaras não tiveram vez.


SONDA NAZOGÁSTRICA


 Ou conhecida como sonda enteral, era para ajudá-la se alimentar, pois devido ao terceiro derrame, ela ficou com dificuldade para engolir, fazendo com que se afogasse. Assim sendo foi necessário submetê-la ao uso desta sonda.  Logo que ela foi restabelecendo, começou passar o seu dedo pelo rosto e sobre a sonda procurando um espaço para segurar e...PIMBA... estava tudo fora!
Agora toca a chamar alguém para nos ajudar a levá-la ao PS da Santa Casa, a fim de novamente recolocar a sonda o que muito a maltratava. Por uns 6 meses foi assim a nossa luta, até que não foi mais possível usar a sonda, pois mais a machucava internamente e maltratava que beneficio trazia.
Os cuidados agora eram maiores, pois tínhamos que cuidar para que ela não se afogasse.


CAMARÃOZINHO


Bom, agora a mamãe não andava mais. É bom dizer aqui que até ao final de 1998 conseguíamos fazê-la andar abraçada a nós.  Eu a levantava e colocava seus braços em volta do meu pescoço e por minha vez a abraçava pela cintura.  Assim eu ia andando de costas e fazendo ela mudar os passos para frente.  Assim nós a transportávamos de um cômodo  ao outro e ao mesmo tempo ela podia fazer um pequeno exercício. Agora ela precisava que a carregássemos porque não tinha mais firmeza em seus joelhos. Usávamos, sempre que possível, a cadeira de rodas.  Porém, a mamãe, agora não se equilibrava mais e necessitava ser amarrada, para não cair.  Desta forma poderíamos levá-la tomar um pouco de sol.  Foi isto que falei à Iracema e pedi que pusesse a mamãe para tomar sol, mas que protegesse a sua cabeça, com o chapéu de palha mexicano que ela tinha, pois ela não se sentia bem com o sol na cabeça. Ela fez o que pedi, porém não pôs o chapéu.  Quando cheguei após o meio dia em casa, para o almoço, lá estava meu tesourinho no sol, sem proteção e vermelhinho como um camarãozinho!
─ Iracema ! chamei aflita. ─  A mamãe está toda queimada! Falei chamando por ela, ao que ela me respondeu:
─ Nossa, Ilaíde! Esqueci a vó no sol...!!!
Coitadinha! Ainda bem que cheguei a tempo para evitar maiores prejuizos.

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