sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

CAPITULO XI - PORTUGAL A VISTA ‼!

O TELEFONE TOCOU

Agora já estávamos no ano de 1986. Eu havia trabalhado em diversos lugares e aqui eu era Oficial Dirigente (pastora) do Corpo (igreja) de São Vicente, litoral Paulista. Até que em fim consegui que a mamãe viesse morar comigo.
Certa manhã o telefone tocou e ao atender fiquei muito surpresa. Este telefonema mudou, mais uma vez, a nossa vida. Fazia apenas um ano que a mamãe estava comigo. O chefe do comando de Portugal, oficial responsável pelo trabalho do Exercito de Salvação naquele país irmão, lembrou-se que eu havia me oferecido para trabalhar lá, então resolveu me chamar. Sabendo que este era um desejo grande, de meu coração, o Major Ernest Hofer, em Lisboa, resolveu me chamar para ir trabalhar com eles naquele país, assim poderia por em prática o chamado que Deus me deu.


E AGORA, QUE FAZER?


      Esta foi a pergunta no meu íntimo. A mamãe estava morando comigo a tão pouco tempo, e diante de mim estava a possibilidade de realizar um grande sonho, só que não poderia levá-la comigo. Para minha maior preocupação, no mês de fevereiro, repentinamente a mamãe se queixa, diz não se sentir bem e logo perde os sentidos. Corremos, digo, corri  buscar ajuda e logo a levamos ao PS. Da cidade de São Vicente-SP, local onde morávamos na época. Não demorou para retornar para casa e logo sentir-se mal novamente até mais uma vez levá-la com urgência para o PS. Nada encontrado . PA. (pressão arterial) normal, volta para casa. Não demorou muito para novamente não se sentir bem e o seu rosto parecia que já ia brotar sangue por todos os poros, pois ficou todo pigmentado de vermelho nos poros. Assustada, aflita entrei em contato com um médico que já nos conhecia e ele ordenou que eu a levasse para o hospital e a internasse com urgência, em seu nome.
Assim ela ficou 5 dias na Santa Casa de Santos. Eu nunca soube o que fôra que havia lhe acontecido. Diante desse quadro eu deveria tomar uma decisão: Iria ou não para Portugal? Mas se eu fosse como ficaria a minha mãe? Se eu não fosse estaria desobedecendo a ordem de Deus, o que eu tinha convicção que era seu desejo.
Nessa época recebi a visita do Coronel Ronald T. Manning e ele me fez pensar... a decisão deveria ser tomada  com consciência e só eu poderia resolver o que fazer... era o momento de pensar bem. Na época, o tempo de trabalho missionário era de 4 anos envolvendo dois períodos de 2 anos, com férias de 2 meses após os dois primeiros anos então se fosse o desejo poderia ficar mais 4 anos e assim por diante.
Então eu deveria pensar muito bem pois eu iria ficar dois anos longe da minha mãe, sem retornar ao Brasil e nesse tempo deveria estar preparada para qualquer tipo de noticia. Estaria preparada para o pior? Creio que não. Então o que fazer? Eu estava esperando por esta oportunidade há mais de 10 anos... e agora... o que fazer? Porém a decisão teria que partir de mim...


INCENTIVO INESPERADO


A mamãe percebendo o meu dilema, deu-me a força que precisava:
─Vá, filha, pode ir. Eu ficarei bem! Disse ela ao que respondi:
─A senhora tem certeza mamãe?
─Sim,  filha,  vá tranqüila...       
Calculo a força que ela fez para que pudesse me falar tais palavras, porém deste inesperado incentivo, comecei preencher os formulários para ir para Portugal. No dia 17 de março de 1987 embarquei para as terras lusitanas, deixando minha mãezinha em Santa Cruz do Rio Pardo – SP, na esperança de que meus familiares olhassem por ela, enquanto eu estava trabalhando na obra do Senhor do outro lado do Oceano Atlântico.


    NÃO QUEREMOS PROBLEMA

Enquanto preparava a viagem, e buscava  deixar a mamãe amparada, várias foram as opiniões e um dia uma das irmãs de minha mãe retrucou:
─Ilaíde porque você não põe a Elza no asilo? A gente não quer  mais problema...
─Desculpe, tia a mamãe não vai lhe dar problema, pode ficar tranqüila. (retruquei).
Por várias vezes a mamãe havia me pedido que nunca a colocasse num asilo e eu prometi que não faria. Sabemos que estes lares, ou asilos, fazem o podem por seus internos porém a idéia de por minha mãe num asilo fazia-me muito triste pois parecia-me que eu estava querendo me descartar de alguém indesejável. Foi este o sentimento que me invadiu a alma ao ouvir tais palavras de minha tia. M as uma vez aquela sensível antipatia dos anos de infância e mocidade deles aflorou de modo tão persistente que aminha repulsa foi algo que me segurou no momento de mais um desencanto com aqueles que são do nosso parentesco. De outra maneira reagiram os irmãos mais velhos. Contei ao tio Ittai o acontecido e ele me respondeu:
De maneira nenhuma! A Elza não precisa ir para um asilo. E não vai ser problema. Dizendo assim demonstrou a sua repulsa as palavras “impensadas” de sua irmã. De igual modo reagiram a tia Júlia esposa do tio Ittai, tio Julinho e a sua esposa, a tia Jacira.
Na certeza que eu estava fazendo a vontade de Deus e que tudo iria ficar bem com o meu “TESOURINHO” fui para Portugal a fim de cumprir  a ordem do Senhor: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”
È bom lembrar aqui que o meu nome foi um arranjo de minha mãe e ela me dizia:
“I – la – ide pregar o evangelho” portanto: Ilaíde embora que tenha sido copiado do nome do meu pai, trocando a 1° letra – Olaíde para Ilaíde. Assim sendo, agora ela não iria me impedir de seguir o caminho para o qual me educou e preparou.

EM FIM – PORTUGAL


Deus não brinca com nossos sentimentos. Quando chamados e vocacionados por Deus, temos que confiar nos seus supremos cuidados sim! Deus havia me chamado para o trabalho em Portugal, disto eu sempre tive certeza e eu desejava ardentemente fazer a sua vontade. Assim sendo eu deveria  confiar nos seus cuidados e suprimentos e mais uma vez pude  constatar que as suas promessas nunca falham.
No dia 17 de março de 1987, embarquei para Portugal, deixando minha mãezinha em Santa Cruz do Rio Pardo – SP. Foi uma separação um tanto difícil para nós, digo “nós” porque acredito que a dificuldade também envolvia o coração de minha mãe. Por lá passei os dois anos, trabalhando entre o povo lusitano, aprendendo a amá-los e também sendo amada por eles. Toda semana escrevia para minha mãe e recebia suas cartas, as quais traziam palavras de ânimo e incentivo e amenizavam a saudade.

domingo, 11 de dezembro de 2011

EM SÃO VICENTE - SP


No inicio de 1985, fui nomeada Oficial Dirigente do Corpo de São Vicente, litoral de São Paulo. Então finalmente consegui que a mamãe fosse morar comigo.   Fazia muito tempo que eu queria  isto, mas ela nunca tomava a decisão de me acompanhar.  Desde 1975, ela foi morar em Itanhandú – MG, e sua saúde me preocupava, já havia sofrido problemas cardíacos que a afastara do trabalho e por causa disso conseguiu a sua aposentadoria, incluindo aqui um grave problema de ouvido, que a lançara no hospital, o qual pusera sua vida em perigo, e eu só fiquei sabendo depois de um tempo. Fato que passarei a narrar a seguir.

CONFIAR SEM RESTRIÇÃO


Em janeiro de 1979, a mamãe e eu fomos até a capital mineira, Belo Horizonte, a fim de participar do casamento dos meus amigos e colegas oficiais os Tenentes Eldsmond Cândido e Elizabeth Terezinha dos Santos.  Então os nossos líderes me pediram que ficasse em Belo Horizonte substituindo as férias dos  Majores de Ávila, os Oficiais Dirigentes (Pastores) de nossa Igreja naquela cidade, pelo espaço de 1 mês.   A mamãe retornou a São Paulo com os Cadetes e depois seguiu para Itanhandú- MG.  Depois  eu deveria retornar a São Paulo, para minha nomeação que nessa ocasião era novamente como Oficial de Brigada (auxiliar) no Colégio de Cadetes, trabalhando junto com o Coronel John W.Jones e sua esposa, na época era Major.
Lá em Itanhandú – Minas  Gerais, a mamãe morava em um sitio, retirado do centro da cidade. Numa casa de parede-e-meia com um casal muito simples, mas também muito prestativos.  Não havia eletricidade naquela casa, e para poder ler ou iluminar o ambiente após o anoitecer, o único meio era a tênue luz da chama de uma vela.  As vezes acontecia da mamãe dormir e não apagá-la, contudo o Senhor cuidava de minha querida mãezinha, a Sua serva !

O seu protetor se manterá alerta, sim, o protetor de Israel não dormirá; ele está sempre alerta! O SENHOR é o seu protetor; como sombra que o protege, ele está à sua direita.  De dia o sol não o ferirá, nem a lua, de noite.  O SENHOR o protegerá de todo o mal, protegerá a sua vida.” (Salmo 121:3b – 7)

Tudo isso me preocupava.  Era nosso costume nos corresponder semanalmente e eu ficava aguardando ansiosamente as suas cartas.  Desta vez nada chegava, nem um bilhete, nem um recado pelo telefone, N A D A ....!

Minhas cartas seguiam com mais freqüência, implorando as suas noticias, porém nada retornava... “Meu Deus, o que está acontecendo com a minha mãezinha??? Por que não vêm as suas tão esperadas cartinhas?...” Meu coração se afligia e eu buscava refugio e consolo no Senhor, e minha confiança depositava Nele, que tudo sabe.  Sim !!! Tudo sabe, digo no presente porque até agora minha vida continua nas Suas mãos, porque o meu Deus é um Deus do presente, Ele não é um Deus do passado, Deus, o SENHOR, foi, é e sempre será o mesmo.  Só precisamos confiar em Suas promessas.
“”Eis que estou convosco até a consumação do século.” (Mateus 28:20) Diz o Senhor ,  e se o prezado leitor está lendo estas minhas palavras, é porque ainda os séculos não se consumaram......O Senhor está aqui conosco, pronto a receber nossas lágrimas e nossas lamúrias mas também a nossa gratidão, nosso louvor e nossa adoração.
É verdade! Quando estamos em meio as aflições é tão difícil relaxar e confiar mas a aí é que está a aplicação de nossa fé.
Ora, o que é fé? Fé é confiança e segurança nas promessas de Deus. Diz a Palavra de Deus:“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” (Hebreus 11:1) .
 Para mim, não era fácil ficar em lugar tão distante e não poder correr  para junto de minha mãe, talvez buscar o socorro que estivesse precisando, ajudá-la,  pois talvez estivesse necessitando de mim.  Mas o Senhor Jesus podería cuidar dela melhor do que eu, e em meu lugar...  Precisava confiar ...! Sim, Precisava Confiar !!!


CHEIRO DE HOSPITAL


Em casa, digo, em Belo Horizonte, eu estava contando com a companhia de uma das filhas dos Majores de Ávila, os pastores da nossa Igreja naquela cidade, que não acompanhara seus pais na viagem ao Rio Grande do Sul, em férias. Conversávamos bastante e eu, naquela noite expunha a ela a minha aflição e preocupação, pela falta de noticia de minha mãe, quando repentinamente senti um forte cheiro de hospital, parecia que este cheiro invadia o quarto, onde estávamos.  Não me lembro se ela também sentiu, porém eu sentia tão forte que me parecia estar em um quarto de Hospital.  Nesse momento comentei com ela e meus pensamentos voaram para Itanhandú – MG, para junto de minha mãe e minha oração ao Deus de minh’alma que tudo sabe para que, em nome de Jesus, Ele cuidasse de meu tesouro!
O tempo passava, e eu continuava a sentir o mesmo cheiro por vários dias.  Quase um mês depois chegou a tão esperada cartinha, da minha querida mãezinha.  Colírio para os meus olhos, e suave alívio invadia meu coração ao ver, tocar, e segurar entre os meus dedos aquela missiva com a linda letra de minha mãe.  Com o coração aos saltos, aflita para saber o porquê de demorar tanto para me escrever, me perguntava: “Mãezinha, por que não me escreveu antes?  O que será que contém esta carta?”


SERIA A RESPOSTA DE DEUS?


Aflita, comecei a ler a carta, e então eu soube qual fôra o motivo.
A mamãe passou a narrar a sua história!  Contou-me que certa noite após a leitura bíblica, derramou perante o Senhor, a sua alma, implorando saúde específica para os seus ouvidos, pois não desejava perdê-los.  Seu prazer era cantar, e ouvir os louvores, a Palavra de Deus... Também tinha prazer em participar dos sons da Natureza, do gorjear dos pássaros,  do cantar de seus galos, do cacarejar de suas galinhas, ouvir as vozes dos animais diversos, conversar com todas as pessoas, enfim seus amigos lhe eram muito importantes.  Pensando nisso implorou ao Senhor que a protegesse e curasse qualquer enfermidade em sua audição.
Depois de orar, apagar a vela, único meio de iluminação que possuía, dormiu em sossego, com confiança sob os cuidados de Jesus. Quase ao amanhecer o dia seguinte, acordou com forte dor de ouvido, e observou que sangrava. Quase caindo pois não conseguia ficar em pé buscou o socorro do seu visinho que prontamente atendeu. Buscou ajuda para levá-la ao médico...  Então precisou ser internada com urgência. Ficou hospitalizada durante 11(onze) dias. Devido problemas urgentes para resolver, o médico lhe concedeu alta prematura. Enquanto estava hospitalizada, ouviu a conversa entre duas enfermeiras e soube que o seu estado de saúde preocupava o médico pois sua vida corria perigo... A mamãe pediu ao Senhor a saúde e então precisou ser hospitalizada... Então Deus não respondeu? Não, não é assim. Deus à curou, e seu ouvido nunca mais teve problemas, ouvindo perfeitamente durante todos os anos em que viveu. 


Sim, Deus ouviu a sua oração. 



CONCRETIZAÇÃO DO SONHO

Passaram-se mais ou menos 11 anos, até que eu me decidisse realmente ingressar no Colégio de Cadetes, o Seminário do Exército de Salvação.   Eu trazia em meu peito um segundo sonho que muito desejava realizar com a finalidade de melhor servir ao meu Senhor e Rei, Jesus.   Desejava ser médica... Pensava poder cuidar do corpo e da alma de minhas futuras ovelhas. 
Com esta meta seguia os meus dias.
 Com muito esforço de minha querida mãezinha, estudei até o 2º grau.   Enquanto fazia o ginásio, muitas foram as dificuldades, ao ponto de não podermos adquirir nem os cadernos para poder estudar.  Em casa nossa Situação financeira era terrível, então como conseguir estudar ?  E a Faculdade de Medicina ia ficando mais e mais distante.  Eu sofria humilhações por todos os lados, até de pessoas que menos podia esperar, então eu chorava muito e minha mãezinha creio que com a alma em lagrimas, procurava me consolar.  Cheguei a pensar em desistir  do oficialato, mas Deus segurou bem firme minha mão e com a ajuda da mamãe, consegui vencer.
Quanto a Faculdade de medicina não consegui alcançar, mas o Oficialato, Deus me deu !
Em 1971, foi trabalhar em nossa Igreja, o Corpo de Ponta Grossa – PR, um casal com dois  filhos gêmeos, os Capitães Elias (Roberto Elias e Abigail de Carvalho Elias) e seus lindos filhos Raquel e Rubens.
Certo dia a Capitã chegou para mim e me perguntou:
− Ilaíde, afinal, você quer ou não ser oficial?
− Quero sim, Capitã. Respondi.
− Mas, quando? perguntou-me e continuou a dizer: O tempo esta passando e não demora não dará mais para você ir.
Realmente, o tempo passava e eu estava tranqüila como que adormecida levando a minha vida.
 Eu já estava com 22 anos  e precisava tomar a minha decisão.  A mamãe nunca chegou para mim a fim de me cobrar  uma atitude, digo isto para que ninguém pense  que ela forçou-me a ingressar no Colégio de Cadetes.  É claro que ficaria muito feliz se eu fizesse isso.
Mediante a pergunta desafiadora da Capitã, estabeleci o ano em que deveria entrar para o Seminário, 1974 !
No dia 30 de março adentrei as portas de nosso Colégio que ficava na Rua Caramuru, 931,  Bosque da Saúde – SP.   Em 27 de dezembro de 1975, fui comissionada Tenente, com muita alegria, e recebi a minha 1ª nomeação que foi ser Oficial de Brigada no Colégio de Cadetes, auxiliando os novos diretores, os Capitães Hennessey.




DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO

Certa vez tivemos a visita do Comissário Carl Eliasen e do Tte.Cel. Ronald Trevor Manning (na época Coronel e Major respectivamente, hoje aposentados), os quais nos proporcionaram um dia muito feliz e marcante na presença de Deus.   O Comissário Eliasen, juntamente com sua esposa e filhos, havia iniciado a Obra do Exército de Salvação em Portugal e retornara daquele país não muito tempo atrás.   Foram tempos difíceis, pois Portugal fazia pouco tempo que havia se libertado do Regime de Salazar e havia muitas  atividades ainda proibidas naquele país, ou poderiam ser realizadas com permissão previamente obtida e sob os olhares atentos dos policiais.

Eles venceram em nome de Jesus!

Nesse dia, o Comissário nos trouxe um relato apaixonado sobre o trabalho pioneiro nas terras lusitanas e para terminar, ele completou:
− A minha preocupação agora, é: quem mandar para Portugal?
Nesse momento senti como se Deus estivesse apontando para mim e dizendo:     
 << VOCÊ >>
Nos meus primeiros anos como Oficial, me ofereci para o Trabalho em Portugal, mas só consegui concretizar em 1987

M.Mãe - M.Tes. - CAP. X – ... - SONHOS QUE SE REALIZAM

CAPITULO X

SONHOS QUE SE REALIZAM

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O SONHO DE MINHA MÃE


Como já escrevi anteriormente, a mamãe me dedicou para o Senhor Deus, mesmo antes que eu viesse a nascer.   Para isto ela me criou, me educou, e procurou me preparar.   Desde a minha mais tenra idade ela vinha me educando com vistas a cumprir o propósito de Deus para minha vida.   Contudo é valido aqui dizer que ela nunca me forçou a tomar esta decisão.   Suas orações sempre a meu favor davam-lhe forças  e esperança que eu decidisse no momento de Deus, que Ele desejasse me chamar e me vocacionar para o Seu Ministério.   Soube aguardar com paciência e com vigilância, sempre pronta a defender e proteger, não só a minha vida, como também a saúde de minha alma.   Louvo a Deus porque a minha mãe sempre esteve presente em minha vida e foi sempre o meu ponto de apoio em todo o tempo.   Mesmo depois de adulta, seus conselhos me foram preciosos.   Quantas cartas lhe escrevi expondo os meus problemas e incertezas  e sempre a resposta sabia e tranqüilizante chegava.  Se fosse preciso ela vinha ao meu encontro para me acalmar e ajudar.  Muitas vezes só o fato de poder lhe escrever, já me trazia alívio.


O OFICIALATO II


A mamãe arrependeu-se amargamente por ter  deixado as fileiras salvacionistas.  Isto ela sempre repetia.  Lastimava-se por ter se precipitado ao pedir demissão do Oficialato, e ainda quando idosa trazia em seu peito a dor da saudade desta gloriosa carreira.

Já por minha vez, conhecendo tudo isto, aprendi a lidar com determinadas desilusões e enfrentar as barreiras que por vezes encontro pelo meu caminho.   Foi ela quem me ensinou, principalmente a confiar em Deus, pois eu sozinha poderei cair no primeiro problema, por menor que ele seja.

 O oficialato é glorioso, contudo não é fácil... É gratificante ganhar as almas para o Senhor Jesus, cuidar do Rebanho do Senhor e andar nos Seus caminhos diariamente e ainda morar nos “Átrios do Senhor”.   Sim é muito bom, é glorioso, mas a responsabilidade é enorme...

Ser Oficial do Exército de Salvação é ser Pastor, é ser líder, é ser liderado. É arregaçar as mangas e se jogar por inteiro no trabalho, para fazer qualquer que seja o serviço necessário.  Também é lutar contra as hostes e potestades e vencer, em nome de Jesus.   Ser Oficial Salvacionista é não parar no primeiro “NÃO”, nem no segundo, nem no terceiro, talvez nunca parar.   Ser Oficial Salvacionista é chorar com os que choram, se alegrar com os que se alegram; é repreender com amor e corrigir o que está errado, é superar as diferenças e enfrentar as barreiras; ...é ter uma semana de 8 dias e um dia de 25 horas...




MINHA DECISÃO


No Exército de Salvação temos trabalhado com grande enfoque para a juventude, realizado finais de semana para Juventude ou mesmo “Dias de Juventude”.  Nessas ocasiões os jovens são chamados a vida mais perto de Deus e até mesmo a dedicarem-se para Deus, consagrando suas vidas para viverem de tal forma que dignifiquem o nome do Senhor Jesus, também é oferecido oportunidade para aqueles que sentirem o chamado específico para o Oficialato, oferecerem-se, tomando a decisão espontânea.

Em 1963, tivemos em Curitiba – PR , o nosso Dia de Juventude, como era feito anualmente.  A idade mínima era 14 anos e eu estava com 13 anos.porém consegui participar pela primeira vez, deste evento importante.

 O líder do “Dia” era o então Coronel Gilberto Abadie, nosso Chefe Territorial (hoje denominado de Chefe Nacional), nome dado ao líder do Exército de Salvação no Brasil.  Já estávamos na parte final da terceira e última Reunião do “Dia”, ( eram realizados três Reuniões especiais nesse Dia: a primeira antes do almoço, a segunda após o almoço que era um encontro bem animado para que ninguém tivesse sono, e por fim a terceira que completava o Dia de Juventude, e onde então era dada a oportunidade das consagrações.  Nesta última Reunião, quando o Coronel Gilberto Abadie chamou os jovens a que desejavam dedicar suas vidas ao Senhor, para serem Oficiais do Exército de Salvação, eu estava sentada perto da saída no meio da fileira dos jovens participantes, senti o Senhor me escolhendo...  Então ao ouvir o convite que o Coronel fazia do púlpito, senti como uma mão muito grande pousasse sobre as minhas costas e me fosse levando em direção ao altar, então saí do meu lugar, um tanto apreensiva e caminhava lentamente pelo corredor, entre as fileiras de cadeiras, como que se tivesse sendo empurrada para frente e aí o Coronel Abadie parece ter percebido a minha dificuldade e então levantando a mão em minha direção disse:

- Venha,... pode vir....

Eu não andei mais, eu corri para frente e me ajoelhei  no “Banco de Penitentes”, o nosso Altar das Consagrações, para orar, entregando-me, para ser oficial do Exército de Salvação